Há um velho ditado popular que diz que à noite todos os gatos são pardos; é um ditado que traduz a dificuldade de identificar a cor dos felinos quando não há luz.
Do que lembro das aulinhas de Física a cor de um objeto é determinada pela frequência da luz que eles refletem; grosso modo um objeto azul recebe a luz branca de fontes como lâmpadas ou o Sol e reflete apenas os raios da frequência azul absorvendo os demais. Um objeto branco basciamente reflete toda a luz direcionada ao mesmo enquanto um objeto preto absorve toda a luz direcionada à ele.
Não à toa sabemos que num dia quente devemos evitar roupas escuras caso não queiramos passar calor e optar por roupas mais claras.
Assim dizer que à noite todos os gatos são pardos é apenas uma constatação de que em ambientes de pouca luz é mais difícil distinguir alguns detalhes que à luz do dia seriam mais perceptíveis.
O aumento sob júdice do PIS e COFINS sob combustíveis além de pesar no bolso geraram um fenômeno intessante nos Postos aqui da região de São Paulo; talvez pensando em assustar pouco os consumidores com o preço da Gasolina que saiu do patamar de 3,40 para mais de 4,00 por litro a maioria dos banners destaca o preço do Diesel que está no patamar de 3,30 ao lado do Etanol que está na faixa de 2,60.
A frota de carros movidos à Diesel é pequena comparada à de carros flex (movidos à Gasolina ou Álcool) então qual o objetivo de destacar o preço do Diesel? Isso é uma espécie de Efeito Gato Pardo já que o consumidor distraído ao ver um banner que há anos sempre aparecia a dobradinha Gasolina e Etanol com valores muito semelhantes ao que ele estava habituado pode não se atentar na substituição realizada.
Aí meus caros, depois que você parou no posto e deixou a chave com o amigo frentista a chance de você desistir ao ser defrontado com o preço de 4,00 é pequena. O normal é olhar novamente para o banner e ver que de fato os 3,30 anunciados ali eram do Diesel.
Esse tipo de artifício lembra muito a Ilusão de Muller Lyer que destaco na imagem no final do post; olhando rapidamente as retas parecem ter tamanhos diferentes porém com uma régua ou traçando retas paralelas você verá que possuem exatamente o mesmo comprimento.
Agora saindo de toda a parte de ilusão de ótica e indo para o impacto econômico este é um artifício polêmico. O Governo pretende com a medida arrecadar cerca de R$ 12 bilhões e tentar preservar a meta de déficit primário do ano que é de um rombo de R$ 139 bilhões.
Argumentos contrários à elevação dos impostos destacam o impacto inflacionário (tanto o direto no preço dos combustíveis quanto os repiques em outros bens via aumento do preço de fretes) e recessivo da medida numa economia ainda em recuperação.
De fato ajuste fiscal via elevação de impostos num país de carga tributária alta como o Brasil não é para agradar qualquer um porém se não fizermos um profundo debate sobre como atacar as despesas do Estado, notadamente os gastos com Folha de Pagamento e Aposentadorias, veremos este filme se repetir por muitas gerações.
O destaque positivo é que saímos de um cenário em que a Equipe Econômica buscava algum malabarismo contábil para um outro em que pessoas sérias de fato dão valor à Lei de Responsabilidade Fiscal. Podemos reclamar da forma e sustentabilidade dos métodos do Time de Meirelles porém não há de negar que nessa matéria ele trabalha como caveira com o lema de que Missão dada é Missão Cumprida.
Nenhum comentário:
Postar um comentário