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sexta-feira, 7 de julho de 2017

Crise, que Crise?

Há algumas horas na vida que falamos algo no calor da emoção e exponencializamos um fato que nos convém. Um exemplo típico é quando você quer falar para um amigo que um evento foi um sucesso e chuta para cima o número de pessoas num show, festa ou jogo de futebol.

Sobre este tipo de exagero a coluna de Bernardo Guimarães mostrou ano passado que seguindo cálculos factíveis a Av. Paulista lotada de gente teria algo em torno de 26 mil pessoas; porém vimos que na época das manifestações pró impeachment em 2016 chegou a noticiar-se cerca de 1 milhão pessoas.

No caso acima este exagero se deve a incapacidade humana de mensurar quanto espaço ocupam uma grande quantidade de pessoas somado é claro há alguma benevolência ou mesmo displicência dos organizadores e da polícia militar na hora de apurar os números.

Já no caso de Michel Temer (que afirma não existir crise econômica no Brasil) o que seria? Uma percepção exacerbada de alguns sinais da economia ou algum tipo de auto proteção tal como vemos em times de futebol que apesar de estarem na Zona de Rebaixamento afirmam que não cairão para a 2a divisão?

Talvez um pouco dos dois, há alguns sinais que mostram sim recuperação e o primeiro deles é o crescimento da indústria. Dados da Pesquisa Mensal da Indústria do IBGE apontaram um crescimento de 4.0 % da Indústria Geral frente ao mesmo mês do ano anterior. Abrindo por Grandes Categorias a Indústria de Bens de Capital teve um crescimento de 7.6% enquanto a de Bens de Consmo Duráveis 20.7%. Destaque para a produção de Automóveis que cresceu 35.1%.

O outro sinal claro é o Controle da Inflação que medida pelo IPCA está em singelos 3.0% no acumulado de 12 meses. Inclusive o último dado do IBGE apontou deflação de 0.23% no mês de junho, movimento liderado pela retração de preços de Energia Elétrica, Combustíveis e Alimentação dentro de Casa.

Abaixo um pequeno gráfico resumo do comportamento do IPCA (barras) versus a Selic Anualizada (Linha); repare que hoje há de fato espaço para queda dos juros dada a diferença significativa entre Selic e IPCA:


Mas nem tudo são flores como pintou Temer na Reunião do G20; não importa o quão bonita seja a foto do mês de Junho o filme que vivemos ainda é digno de um drama de quinta categoria.

A prova mais simples dessa verdade inconveniente é que o PIB do Brasil medido a preços constantes (gráfico abaixo), isto é, descontado o efeito da inflação, ainda está no mesmo nível de 2011! Ou seja cara pálida, estamos há 6 anos parados no tempo em termos de Produto; como não chamar isso de Crise Econômica?


Isso sem falar que ainda temos segundo o IBGE cerca de 14 milhões de pessoas desempregadas, então vamos com calma, ainda há muito o que fazer para batermos no peito e dizer que daqui pra frente tudo vai ser diferente.

Por fim, se falarmos de sustentabilidade será vital acompanhar o resultado da votação das Reformas Trabalhista e Previdenciária tal como a própria permanência de Michel Temer como Presidente. Se este caldo entornar é muito provável que estes sinais de melhora sejam apenas um brilhareco que no frigir dos ovos não irá mudar a situação do país de forma estrutural.



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