Engenheiro Naval pela UFRJ, Mestre em Economia pela FGV e PhD pela Universidade de Chicago; Passagem pelo Fundo Monetário Internacional, Vice Presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento, Economista do Banco Central Europeu, Secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Economista Chefe do Ministério do Planejamento, Secretário do Tesouro Nacional, Diretor da Bradesco Asset Management e atual Ministro da Fazenda.
O Curriculum de Joaquim Levy descreve sem sombra de dúvida um Economista Brilhante e Competente no exercício de suas funções.
A Economia é uma Ciência marcada pela grande divisão ideológica entre grupos Ortodoxos e Heterodoxos, Keynesianos e Liberais, subgrupos contra subgrupos que nos fazem entender a frase (supostamente proferida por Churchill) "se você colocar dois economistas em uma sala, você terá duas opiniões diferentes, a menos que um deles seja Lord Keynes, porque aí você terá três opiniões".
Não é novidade que o Partido que comanda a Presidência da República há 12 anos possui uma visão de política econômica alicerçada no Intervencionismo do Estado de forma a garantir o bem estar social e a distribuição de renda.
Muitos perguntam o que levou Joaquim a deixar a Diretoria de um Banco e aceitar tal convite sabendo que não haveria afinidade ideológica ou pessoal com os novos parceiros; Levy foi convidado para implantar Medidas Econômicas opostas ao seu antecessor, contrárias aos interesses e ideologia do Partido dos Trabalhadores e o mais grave (na opinião de eleitores que votaram ou não na candidata eleita) contraditórias ao anunciado na Campanha Eleitoral de 2014.
A história de Levy se assemelha (guardadas às devidas proporções) à de Mário Henrique Simonsen que assumiu o Ministério da Fazenda no Governo Militar com a árdua missão de mostrar ao General Geisel que em Economia não há Almoço Grátis. Simonsen também tinha pela frente a missão de implantar um ajuste recessivo e o final da história foi um retumbante fracasso marcado pelo pedido de demissão do Economista frente diversos embates e reação negativa dos Militares à medidas que reduzissem o crescimento em prol do controle da inflação.
Levy terá uma trajetória diferente? Para o "bem do país" esperamos que Levy obtenha exito mesmo diante dos obstáculos de estar num Governo que terceirizou a Defesa Política do Ajuste Fiscal perante ao Congresso Federal (e mesmo diante dos eleitores) ao Ministro da Fazenda.
O ponto é que "não se pode ensinar novos truques à um velho cão"; como vimos nos posts anteriores ficou claro no período de 2010 a 2014 as tentativas de estimular a economia via Desoneração Fiscal e Crédito Subsidiado à Setores Selecionados pelo Governo custaram muito caro aos Cofres Públicos e tiveram impacto pouco (para não dizer nada) relevantes no crescimento do Produto.
Joaquim Levy iniciou de maneira coerente com seu histórico ao apontar que tais medidas foram aplicadas de maneira grosseira; esperava-se assim que até o final da sua passagem pela Fazenda não houvesse mais nenhuma Economágica como vimos até tão pouco tempo. Quando em 18 de agosto somos surpreendidos com a notícia de que o Governo irá utilizar os Bancos Públicos para socorrer Setores selecionados (leia aqui) começamos a questionar se Joaquim Levy ainda possui forças para adestrar um cão que até ontem roía todos os móveis da casa.
A medida mostra claramente que há setores do Governo insatisfeitos com o Impacto Recessivo do Ajuste Fiscal e (muito provavelmente) pressionados por lobistas de Setores como o Automotivo começam a vencer os embates com Levy e aplicar o velho remédio do Intervencionismo como solução para os problemas estruturais da Economia Brasileira.
No colégio alguns devem recordar de ter assistido à alguma aula de Química em que o professor falou sobre Osmose. Esta nada mais é do que o movimento/fluxo de água de um meio menos concentrado em sais/solutos para o de maior concentração. O exemplo mais trivial é de como nossos dedos ficam enrugados quando tomamos banho de mar numa praia. A água do nosso corpo flui para o mar devido a maior concentração de sais deste comparada à do nosso corpo. O resultado é que desidratamos e precisamos fazer a reposição deste líquido perdido.
Outro alusão interessante foi feita por Armínio Fraga em artigo recente ao dizer que Levy é uma ilha de competência em um mar de medíocridade.
Joaquim está imerso neste mar e os primeiros sinais de desidratação são evidentes; se ele conseguirá resistir até o final do mandato talvez não seja a melhor pergunta; o verdadeiro questionamento é qual Joaquim Levy estará no Ministério da Fazenda nos próximos 3 anos e meio, o rígido defensor do Ajuste Fiscal (tarefa que lhe rendeu o apelido de Joaquim Mãos de Tesoura na sua passagem como Secretário do Tesouro) ou passará por um tipo de Metamorfose e tornar-se-á adepto de Incentivos Econômicos seletivos e outros truques de Economágica?
No caso da osmose o fluxo de água se encerra assim que os dois meios atinjam a mesma concentração. Neste sentido espero que esta metáfora não se aplique à Levy; seria triste acompanhar alguém passando a defender algo que discordava (e que provavelmente ainda discorde) e comece a desdizer aquilo tudo que já disse antes.
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