Há momentos em que o Cenário Político faz o Mercado Financeiro e Agentes Econômicos colocarem em segundo plano os fundamentos econômicos de Empresas e mesmo Países nas decisões de investimento e avaliação de risco.
Nesta semana foi divulgado o dado do PIB de 2015 mostrando uma queda de 3.8% no ano. O detalhamento do número revela um grande show de horror no qual destaco:
- queda de 14% no Investimento
- queda de 6% na Produção Industrial
- queda de 4% no Consumo das Famílias
Outro dado impressionante é que este desepenho só não foi pior do que o constado na Venezuela(-4.5%) e Ucrânia (-6.4%) sendo que o primeiro está numa Grave Crise Institucional e Econômica desde o Fim do Período Chavista e o segundo passa por uma Guerra Civil. A frente do Brasil está a Grécia que após dar um "calote" no FMI passa por um rígido ajuste fiscal apresentou um crescimento de 0.5% do PIB.
Por fim outro dado que chama atenção é a retração de cerca de 32% na produção de veículos, um setor que o Governo direcionou demasiados incentivos/subsídios e claramente está com uma capacidade de produção muito maior do que o Mercado consegue absorver.
Pintado este cenário era de se esperar pelo menos no curto prazo uma queda no IBOVESPA e desvalorização do Real frente ao Dólar em virtude da saída de Capital Estrangeiro do País correto?
Exatamente o oposto ocorreu mas a resposta é mais do que clara e reside nos desdobramentos da Operação Lava Jato.
Na mesma semana destes dados econômicos pífios e patéticos também foi noticiada a Proposta de Delação Premiada do (ainda) Senador do PT Delcídio do Amaral acusando Dilma e Lula de tentativas de Obstrução da Justiça e em 04.mar foi deflagrada a Operação Aleteia tendo como pricipal alvo o Ex Presidente.
Abaixo segue o gráfico do comportamento das ações da Petrobrás nessa mesma semana (alta de 41%) e da cotação do Dólar que caiu de BRL/USD 4.00 para BRL/USD 3.76.
Mais do que abordar as preferências do Mercado Financeiro é interessante (e triste) notar o estrago que o atual Governo fez na Economia. Independente da posição política de cada um, é inegável que hoje passamos por uma Grave Crise Econômica para qual não vemos uma estratégia clara ou proposta crível de recuperação.
O comportamento dos Mercados apenas reflete um sentimento cada vez mais generalizado na sociedade de que o atual Governo não possui força para guiar o País de volta aos rumos do crescimento.
Hoje vemos o PT unido dada a ação da Polícia Federal focada na sua figura mais emblemática porém o que se discutia até pouco tempo era o rompimento do Partido com a Presidente da República dada a discordância com as Propostas de Ajuste Fiscal e principalmente a Reforma da Previdência.
Há um desarranjo institucional tão grande que independente do desenrolar da Operação Lava Jata e eventual condenação ou absolvição dos envolvidos ninguém consegue hoje cravar com certeza que a Presidenta da República ou mesmo o Partido dos Trabalhadores se "manterá de pé"até o final do ano.
Não há registro de Governo Democrático que tenha resistido num Cenário Político e Econômico tão grave. Talvez a esperança do PT seja que "para tudo existe uma primeira vez" então vale a pena continuar lutando; porém numa análise de custo benefício para o país será que vale a pena manter um Líder que ataca o Poder Judiciário e a Polícia Federal por uma ação de Condução Coercitiva (porém nunca se manifestou contra outras 116 conduções da Lava Jato incluindo a do Empresário André Gerdau) possui inimigos mortais no Legislativo e conta com uma aprovação popular de menos de 11% apenas pela esperança de dias melhores?
Dois casos recentes mostram que em cenários de muito menor stress líderes renunciaram; o Presidente da Guatemala (por denúncias de corrupção na arrecadação de impostos) e o CEO da Volksvagen (devido ao esquema de manipulação nos dados de poluição dos automóveis da companhia) reconheceram que independente da culpa/dolo nos casos a recuperação do país ou empresa passaria necessariamente por uma nova liderança com "carta branca" para fazer o que for necessário para recuperar a credibilidade.
Muita água ainda há de rolar porém está mais do que claro que a Economia brasileira permanecerá em queda livre (hoje se estivesse parada já seria motivo de comemoração) enquanto não houver um realinhamento dos Poderes Executivo, Legistlativo e Judiciário e da Sociedade. Hoje temos um Executivo acuado e mirando todos os esforços em salvar a própria pele; nesse contexto a Recuperação Econômica para o Governo é tão prioritária quanto o jogo do final de semana do Campeonato Paulista para um time que está disputando o mata-mata da Libertadores da América.
O grande problema é que mesmo se o Governo sair vitorioso desse mata-mata e evitar um processo de impeachment o estrago na Economia talvez seja tão grande que mantenha a pressão para derrubar a treinadora Dilma Roussef. Hoje já há cerca de 9 milhões de desempregados e esse número tende a piorar até o final do ano.
É óbvio que um novo governo não criará de imediato milhões de postos de trabalho e acabará com a inflação porém se a Recuperação da Economia fosse uma luta de Boxe, você apostaria no lutador que focará todos os esforços nessa luta ou num outro que poucas horas antes do evento está no round 12 de outra luta, com o supercilho aberto, costelas trincadas e pernas bambas?
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