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sábado, 20 de fevereiro de 2016

Refrão de um Bolero

Há frases que proferimos ou atos que praticamos na nossa vida que podem nos deixar em situação constrangedora. Tomando como exemplo a música, hoje vivemos na Era do Sertanejo Universitário e do Funk Ostentação porém não há muito tempo era comum ver em festas pessoas descendo na boquinha da garrafa ou segurando o tchan.
 
Há alguns anos tive a oportunidade de assistir ao stand up do icônico Serginho Malandro; lá pelas tantas ele diz não entender como foi laureado com um Disco de Ouro (40 mil cópias vendidas segundo critério da ABPD) cantando "bilu bilu bilu tetéia"...a conclusão dele é que as pessoas ou usavam o Disco como Decoração ou eram surdas por consumir algo de tão baixa qualidade.
 
O ponto é que certos fatos que uma pessoa ou grupo de pessoas consideram interessante numa época podem deixar de ser em outra a ponto de olharmos para atrás com constrangimento pela forma que pensávamos ou agíamos; esse é o chamado efeito "Meu Passado me Condena".
 
Se houvesse uma competição para medir tal efeito Dilma Roussef seria de longe a campeã mundial e teria todos os recordes possíveis e imagináveis.

No saudoso ano de 2005, ainda Ministra Chefe da Casa Civil e longe de ser a principal carta no Baralho PTista para a corrida presidencial Dona Dilma considerou Rudimentar um Plano de Ajuste Fiscal de Longo Prazo. A entrevista mostra uma Dilma convicta e até mesmo arrogante no seu tosco raciocínio econômico que em alguns trechos chega a ser hilária a ponto de competir com o stand up do Serginho Malandro. Para o leitor que não tiver paciência de ler todo o documento segue abaixo alguns trechos que destaquei:
A ministra afirmou que um plano de estabilidade fiscal de 10 anos não pode ser feito só com base em “planilhas”e modelos econômicos.“

Eu acho que nem existe a colocação de um conceito de ajuste fiscal no Brasil.

Nunca vi fazerem isso em qualquer lugar do mundo. 

Um programa de dez anos que se baseia simplesmente na DRU (desvinculação de receitas) E na proposta daquilo ou daquilo outro. Pelo amor de deus. Não dá. Conta para os russos.
 
Porque a máquina da arrecadação da receita tributária no Brasil é bastante profissionalizada.
 
Eu já fui secretária da Fazenda, conheço todas as artes de não gastar.
 
Utilizando seu expertise na Arte de Não Gastar Dilma conduziu o país dum patamar de Dívida Pública Bruta de 53,8% do PIB em dez/12 para 66,2% do PIB em dez/15 como mostra o gráfico abaixo do blog do Manseuto Almeida.
 

Naquele fatídico ano de 2005, o Superávit Primário do Brasil estava na casa de 6% do PIB, bem diferente dos resultados negativos de 1,88% do PIB de 2015 e 0,57% do PIB em 2014 para o Setor Público Consolidado.
 
No último trecho da entrevista, Dilma destacou a Tese de que o principal definidor do Superávit Primário é o Pagamento de Juros e que nas palavras dela "um país deste tamanho precisa reduzir os juros, se quiser sair do atoleiro."
 
Essa Tese foi colocada em prática a partir de 2011 quando a SELIC foi baixada na marra do patamar de 12% a.a. para 7%  a.a. em 2013. O resultado foi que o país não saiu do atoleiro e ainda por cima entrou numa rota catastrófica na qual se combinam Inflação, Desemprego, Retração do PIB e Crescimento da Dívida Pública.
 
O passado nos traz lembranças constrangedoras, principalmente entre Economistas (grupo que inclui a  Presidenta) os quais invariavelmente trabalham tentado acertar o futuro com base em Modelos e Teorias Ortodoxas ou Heterodoxas para as quais os resultados previstos muitas vezes passam muito longe dos resultados da realidade.
 
Em 2005 este blogueiro ainda estava nos primeiros passos da graduação como Economista porém qual era a visão de Especialistas sobre as desastradas ferramentas utilizadas na Nova Matriz Econômica?
 
Garimpando na internet há um excelente texto do Alexandre Schwartsman para qual destaco alguns trechos para concluir; comparando a visão de Alex e Dilma é ainda mais constrangedor ver hoje o Governo colocar a culpa na Crise Econômica por erros que via de regra são de paternidade exclusivamente nossa.
 
Parece haver uma crença generalizada acerca da existência de um almoço gratuito no atual arranjo de política monetária e fiscal no Brasil: bastaria cortar a taxa de juros para que o problema fiscal brasileiro fosse automaticamente resolvido.
 
Este raciocínio é, porém, rudimentar, para pegar emprestado adjetivo usado há não muito tempo.
 
Uma variante desta proposta sugere apenas a queda do juro a fim de reduzir o déficit público (e, portanto, a dívida), objetivo sem dúvida meritório, mas que também parte do pressuposto que a taxa de juros não desempenha qualquer outro papel na economia que não o de encarecer a dívida pública (por sadismo, na melhor das hipóteses) e que, desta forma, poderia ser reduzida de forma brusca sem conseqüências para o restante da economia.
 
Só quando o problema do elevadíssimo gasto primário for atacado de forma consistente é que taxas de juros poderão cair para níveis internacionais. 
 
Manipular a taxa Selic para justificar aumento adicional do gasto público no Brasil só resultaria em inflação mais elevada sem alterar a capacidade de crescimento de longo prazo.
 
Realmente, a falta de entendimento dos rudimentos de economia só poderia resultar numa proposta rudimentar.
 
 
 
 
 
 
 
 

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