Impressiona a rápida evolução na Taxa de Desemprego; depois de "celebrarmos" no final do ano de 2014 uma taxa de desemprego de 4,3% segundo dados da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do IBGE a mesma pesquisa mostra hoje uma taxa de desocupação de 7.9% conforme exposto em reportagem do Estadão à qual destaco o gráfico abaixo:
O que houve de lá para cá para justificar um aumento tão abrupto? Seria o recrudescimento da crise econômica mundial? Seriam as maldades de Joaquim Levy como Ministro da Fazenda? Ou simplesmente o esgotamento de um Modelo de Crescimento baseado em truques de Economágica?
Poderíamos discutir as duas primeiras questões uma vez que são frequentemente apontadas pela oposição (ou por grupos insatisfeitos da própria base governista) como principais causas da atual recessão porém alguns fatos ajudam a entender como a "prosperidade econômica" que vivemos em 2014 era tão sólida quanto uma bolha de sabão.
Primeiro vamos destacar o que compõe o índice que chamamos de Taxa de Desemprego. Grosso Modo pensamos nesta variável como a razão entre o Total de Desempregados e o Total da População Economicamente Ativa porém para ser considerado desempregado na visão do IBGE o indivíduo deve:
I. estar atualmente sem trabalho
II. ter buscado uma oportunidade de emprego nos últimos 30 dias
O primeiro ponto é óbvio porém o segundo é um tanto quanto sensível numa conjuntura de alta inflação, juros altos e recessão econômica.
Por exemplo imagine uma família composta por Pai, Mãe e dois filhos cursando o nível superior. Num cenário econômico otimista com ambos os pais empregados e baixa probabilidade de demissão é possível imaginar que não haja pressão para os filhos trabalharem porém numa perspectiva pessimista em que a alta inflação impacta no orçamento familiar e haja um alto risco de demissão é provável que os jovens sejam pressionados a buscar um emprego para ajudar a custear os estudos tal como as despesas do lar.
No limite se imaginarmos que há uma demissão na família e que os dois filhos passem a buscar um emprego o total de desempregados no conceito do IBGE sairia de Zero para Três nessa família.
Dessa forma parte do aumento do desemprego decorre do corte de empregos (cerca de 1.4 milhões de postos nos últimos 12 meses) e parte pelo aumento no número de pessoas que iniciaram a busca por um emprego.
A Inflação aqui atua com um grande vilão e não à toa o controle artificial sob preços administrados até as eleições de 2014 foi duramente criticado. Em 2015 há fortes indícios de inflação na faixa de 10% anualizada. Uma elevação dessas impacta o preço da mensalidade escolar, da cesta básica, do combustível, do restaurante, do cinema e outros gastos. A população que estava fora do mercado de trabalho por diversos fatores incia a busca por um emprego para tentar manter o padrão de vida da família.
As intervenções que o Governo fez no Setor Elétrico e de Combustíveis via Petrobrás passaram a falsa impressão duma Inflação sob controle. Mesmo assim o IPCA fechou o ano 2014 em 6.4% indicando que já havia pressão de alta nos "Preços Livres" mesmo com todo o controle de Preços Administrados.
Sob a ótica do Empresário tanto um Mercado de Trabalho Aquecido quanto o cenário de Inflação Crescente representam pressões nos Custos. De forma sumária um baixo índice de desemprego (baixa oferta de mão de obra disponível) indica que contratar uma pessoa adicional torna-se cada vez mais difícil enquanto a Inflação impacta diretamente tanto o custo de Insumos quanto de Serviços (Transporte, Armazenamento, etc).
Não à toa, nunca antes na história desse país, o Governo despejou um caminhão de subsídios e desoneração tributária às Empresas numa tentativa desesperada de manter Emprego e Renda mesmo com sinais claros que a Economia já não estava tão bem. O resultado de tais políticas foi tão sólido quanto um "vôo de galinha"; ganhamos alguns meses e coincidentemente após a vitória nas eleições o Governo iniciou o processo de correção dos disparates da Nova Matriz Econômica.
Apenas como referência em 2014 houve quase R$ 100 bi de Renúncia Fiscal o que seria equivalente a 7 vezes o Gasto do Programa Minha Casa Minha Vida e 10 vezes o Investimento Total do Ministério da Educação no mesmo ano.
Será que o Governo acredita piamente que o Intervencionismo na Economia valeu a pena ou o rombo nas Contas Públicas, Economia em Recessão, Inflação e Desemprego em Alta já são provas suficientes de que a Nova Matriz Econômica foi um retumbante fracasso? Pelo bem da Nação vamos torcer que a experiência heterodoxa tenha chegado ao fim.
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