O Setor Industrial no Brasil definha; em artigo recente o IEDI - Instituto de Estudos para Desenvolvimento Industrial consolidou o desempenho sofrível dos diversos setores industriais com base nos dados de Produção do IBGE referentes ao terceiro trimestre de 2015.
Em set/15 a Produção da Indústria como um todo caiu 10,9% com relação ao mesmo mês do ano anterior. Destaca-se a queda na Produção de Bens Duráveis e Bens de Capital que na mesma base de comparação recuaram 27,8% e 31,7% respectivamente.
Fato curioso é que justamente o Setor Industrial foi um dos mais beneficiados com a famosa Política Anticíclica do Governo e foi contemplado com generosas desonerações tributárias e um farto volume de crédito subsidiado.
Em setembro deste ano a Folha de São Paulo destacou o arsenal de medidas do governo para estimular a indústria as quais entretanto não impediram uma redução da representatividade do setor no Produto Interno Bruto. Dentre as medidas destacam-se:
2008 a 2010
- Desoneração de IPI
- Desoneração de IPI
2011
- Ampliação da Base de Empresas Elegíveis ao Simples Nacional
- Redução do Prazo para Devolução de Créditos de PIS/Cofins
2012
- IPI próximo a Zero para Carros Populares
- Desoneração de Impostos sob Folha Salarial
2013
- Desoneração de Impostos sob Produtos da Cesta Básica
- Prorrogação da Desoneração do IPI
- Redução de PIS/Cofins para Indústria Química
2014
- Ampliação da Desoneração de Impostos sob Folha Salarial
- Prorrogação da Desoneração do IPI,
- Ampliação do Simples Nacional
O principal argumento para beneficiar a indústria em detrimento de outros setores é o efeito multiplicador da produção industrial. Sob esta ótica uma Montadora de Automóvies gera demanda em outras atividades da economia como por exemplo na Indústria de Pneus, Acessórios Para Veículos, Seguradoras, Redes de Assistência e Manutenção Mecânica, Lava Rápidos, Combustíveis e Lubrificantes, etc.
Esse argumento é meritório e em Economia há Análises de Matrizes de Insumo Produto que dentre outros fatores medem o efeito multiplicador de uma atividade na renda e emprego. Em geral estas análises comprovam o argumento de relevância da indústria em outras atividades.
Porém há um outro fator que pesa tanto ou mais do que a relevância da Indústria para a implementação de uma medida de estímulo ao setor que são os Custos e Benefícios Concentrados ou Difusos de uma Política Pública.
Antes de analisarmos mais a fundo essa questão vejamos o peso da Produção Industrial, Agropecuária e Setor de Serviços no PIB (fonte: IBGE/dados trimestrais):
Aqui quando falamos em Indústia incluem-se as atividades de Extração Mineral, Transformação, Eletricidade e Construção. Serviços contemplam Comércio, Transporte, Educação, Intermediação Financeira e Imobiliária dentre outros.
Repare que o tamanho do Setor de Serviços no PIB é mais do que o dobro da Agropecuária e Indústria juntos. Isso é uma tônica na maior parte dos países e não é difícil imaginar o motivo. De uma forma bem simplista podemos imaginar por exemplo a relevância do total de empregos em Salões de Beleza e Padarias numa Economia.
Agora é difícil imaginar por exemplo um movimento de todas as Manicures do País (ou do Sindicato que as representa) em protesto contra os altos impostos sobre o Esmalte e a Acetona ou também a Associação Comercial de Pizzaiolos demandando crédito subsidiado no BNDES para aquisição de Forno à Lenha.
Nesse sentido a Indústria Automotiva possui uma grande vantagem para pressionar o Governo pois a produção total é conduzida por poucas empresas. Dessa forma tanto o Benefício como o Custo de uma Política Pública são Concentrados e isto faz o Governante temer represálias caso não acate uma solicitação do Setor.
De forma análoga a atividade de Manicure e Pizzaiolo é realizada por inúmeras pessoas/empresas o que torna a mobilização dos mesmos bem mais complicada. Neste caso temos Benefícios e Custos Difusos de forma que um aumento no preço da Acetona ou do Forno de Pizza afetará um número muito grande de pessoas (talvez maior do que o da indústria automotiva) porém a probabilidade destas se unirem de forma organizada para pressionar o Governo é pequena.
Assim quando o Custo de uma medida é Concentrado o chamado lobby em Brasília é muito mais efetivo do que no cenário de Custos Difusos.
Coincidência ou não toda grande indústria faz contribuições generosas à partidos políticos enquanto dificilmente Manicures, Pizzaiolos, Mecânicos, Corretores de Imóvel e Professores a fazem.
Independente da efetividade do lobby hoje a recuperação da Economia depende de muito mais do que uma nova rodada de Política Anticiclíca apesar de alguns alardearem que basta um pouco de ousadia aqui e acolá e o crescimento econômico aparecerá fácil, fácil...como um Domingo de Manhã.
- Ampliação da Base de Empresas Elegíveis ao Simples Nacional
- Redução do Prazo para Devolução de Créditos de PIS/Cofins
2012
- IPI próximo a Zero para Carros Populares
- Desoneração de Impostos sob Folha Salarial
2013
- Desoneração de Impostos sob Produtos da Cesta Básica
- Prorrogação da Desoneração do IPI
- Redução de PIS/Cofins para Indústria Química
2014
- Ampliação da Desoneração de Impostos sob Folha Salarial
- Prorrogação da Desoneração do IPI,
- Ampliação do Simples Nacional
O principal argumento para beneficiar a indústria em detrimento de outros setores é o efeito multiplicador da produção industrial. Sob esta ótica uma Montadora de Automóvies gera demanda em outras atividades da economia como por exemplo na Indústria de Pneus, Acessórios Para Veículos, Seguradoras, Redes de Assistência e Manutenção Mecânica, Lava Rápidos, Combustíveis e Lubrificantes, etc.
Esse argumento é meritório e em Economia há Análises de Matrizes de Insumo Produto que dentre outros fatores medem o efeito multiplicador de uma atividade na renda e emprego. Em geral estas análises comprovam o argumento de relevância da indústria em outras atividades.
Porém há um outro fator que pesa tanto ou mais do que a relevância da Indústria para a implementação de uma medida de estímulo ao setor que são os Custos e Benefícios Concentrados ou Difusos de uma Política Pública.
Antes de analisarmos mais a fundo essa questão vejamos o peso da Produção Industrial, Agropecuária e Setor de Serviços no PIB (fonte: IBGE/dados trimestrais):
Aqui quando falamos em Indústia incluem-se as atividades de Extração Mineral, Transformação, Eletricidade e Construção. Serviços contemplam Comércio, Transporte, Educação, Intermediação Financeira e Imobiliária dentre outros.
Repare que o tamanho do Setor de Serviços no PIB é mais do que o dobro da Agropecuária e Indústria juntos. Isso é uma tônica na maior parte dos países e não é difícil imaginar o motivo. De uma forma bem simplista podemos imaginar por exemplo a relevância do total de empregos em Salões de Beleza e Padarias numa Economia.
Agora é difícil imaginar por exemplo um movimento de todas as Manicures do País (ou do Sindicato que as representa) em protesto contra os altos impostos sobre o Esmalte e a Acetona ou também a Associação Comercial de Pizzaiolos demandando crédito subsidiado no BNDES para aquisição de Forno à Lenha.
Nesse sentido a Indústria Automotiva possui uma grande vantagem para pressionar o Governo pois a produção total é conduzida por poucas empresas. Dessa forma tanto o Benefício como o Custo de uma Política Pública são Concentrados e isto faz o Governante temer represálias caso não acate uma solicitação do Setor.
De forma análoga a atividade de Manicure e Pizzaiolo é realizada por inúmeras pessoas/empresas o que torna a mobilização dos mesmos bem mais complicada. Neste caso temos Benefícios e Custos Difusos de forma que um aumento no preço da Acetona ou do Forno de Pizza afetará um número muito grande de pessoas (talvez maior do que o da indústria automotiva) porém a probabilidade destas se unirem de forma organizada para pressionar o Governo é pequena.
Assim quando o Custo de uma medida é Concentrado o chamado lobby em Brasília é muito mais efetivo do que no cenário de Custos Difusos.
Coincidência ou não toda grande indústria faz contribuições generosas à partidos políticos enquanto dificilmente Manicures, Pizzaiolos, Mecânicos, Corretores de Imóvel e Professores a fazem.
Independente da efetividade do lobby hoje a recuperação da Economia depende de muito mais do que uma nova rodada de Política Anticiclíca apesar de alguns alardearem que basta um pouco de ousadia aqui e acolá e o crescimento econômico aparecerá fácil, fácil...como um Domingo de Manhã.
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