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domingo, 18 de outubro de 2015

Tempos Como Este...

Vamos para quase 10 meses de um novo velho governo e a impressão que fica é que investiram na funilaria mas os problemas mecânicos do automóvel Brasil (que já eram perceptíveis) foram deixados de lado ou ao invés de fazer uma revisão geral optaram pelo diagnóstico que bastava apenas trocar o óleo que tudo se resolveria.

Na linha da expressão "meu passado me condena" vale também lembrar que o governo apostava na retomada de crescimento à partir do segundo semestre deste ano como destacado pelo Ministro de Planejamento em diversas entrevistas.

Deve se levar em conta que o Discurso Político não raramente é mais pautada por crenças do que fatos e argumentos e econômicos mas é curioso destacar que nunca foi claro quais medidas levariam o país de volta ao crescimento. Qual era a bala de prata que o Governo tinha no bolso? Qual coelho saltaria da cartola e num passe de mágica nos inseriria num Cenário de Crescimento de Produto, Renda e Emprego?

Coincidência ou não o Partido Político da Presidenta liderado pelo próprio Ex Presidente já faz coro por mudanças na política econômica (aqui leia-se a saída do atual Ministro da Fazenda que tomou posse justamente para arrumar a bagunça deixada pelo seu antecessor). Será que todos os problemas econômicos atuais são de fato culpa de Joaquim Levy? Será que substituí-lo por um outro profissional que estivesse disposto a elevar os Gastos Públicos e Reduzir os Juros num Cenário de Inflação beirando à 10% ao ano é o Truque de Economágica que falta à nossa Pátria Amada?

A ingenuidade de quem defende essa tese passa pela miopia intelectual em não enxergar a armadilha que nos metemos devido uma gestão frouxa das Contas Públicas (que não por acaso foram reprovadas pelo TCU); veja a trajetória da Dívida Bruta do Governo:
Reparem que a escalada da Dívida se inicia em 2014 portanto anterior à posse do Ministro Levy. Se isto ainda não for suficiente o CODACE-FGV realiza um estudo em que acompanha os Ciclos Econômicos e pasmem, a conclusão é que a recessão atual se iniciou em mar/14, ou seja, também anterior à posse do atual Ministro:
  

Como não canso de repetir Não Há Almoço Grátis em Economia, o momento atual é de uma travessia no deserto e não há fórmula mágica ou atalho para finalizar este percurso de forma rápida e indolor. A travessia será sob um sol escaldante com pés descalços e com um estoque de água reduzido.

Destaca-se que alguns fatores ainda dificultam uma saída rápida desta recessão dentre os quais:
I. Crise Política - Dificulta Implementação de Reformas e Aprovação de Medidas no Congresso
II. Alta do Dólar - Apesar do Benefício ao Exportador encarece a Importação e traz efeitos Inflacionários
III. Inefetividade da Taxa de Juros - um fenômeno que no atual cenário alguns economistas já associam à Dominância Fiscal

Quanto ao último ponto há muita gente boa discutindo o tópico mas para traduzir esta hipótese vamos tomar o exemplo de uma  pessoa com alto endividamento que chamaremos de Fuleco o qual pretende tomar um novo empréstimo.

Em primeiro lugar dificilmente ele terá sucesso em algum banco mas vamos supor que após muito esforço ele consiga uma reunião com seu Gerente de Conta o qual concede um novo empréstimo porém à uma taxa consideravelmente alta tanto para tentar desestimular Fuleco como também para ajustar o maior risco de calote

Passado um mês Fuleco não consegue pagar suas contas e vai novamente à procura do Gerente do Banco o qual novamente concede um novo empréstimo à uma taxa ainda maior.

Reparem que é o chamado "me engana que eu gosto" pois o Gerente do Banco sabe que maiores juros implicam um maior esforço de Fuleco para pagamento da dívida o que muito provavelmente o forçará a requisitar um novo empréstimo na ausência de algum aumento nas suas receitas.

De forma análoga o Endividamento do Governo Federal está num nível tão elevado que mesmo num cenário de Inflação em Alta o Banco Central não consegue elevar a Taxa de Juros ao nível que traria as expectativas inflacionárias para a da meta de 4.5% ao ano uma vez que este movimento deixaria o endividamento do Governo numa situação ainda pior.

A conclusão aqui é que antes de pensarmos em chegar ao título do campeonato o atual cenário é de escapar da zona do rebaixamento. Dadas as nossas limitações isso terá que ser realizado jogando na retranca para recuperar a credibilidade junto aos agentes econômicos e somente depois vislumbrar um cenário de crescimento econômico.


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