Economistas são conhecidos por fazer previsões e muitas vezes pelos erros nestes exercícios de "futurologia". Se me perguntassem no passado como seria minha vida hoje, minha previsão seria completamente errada, aumentando o erro de previsões deste economista que compartilha estas palavras.
Não preciso ir muito longe, se pegarmos aquela pergunta clássica de entrevista de emprego "como e onde você se imagina em 5 anos?", o ano seria 2017 e eu encontraria uma versão muito diferente da minha pessoa.
Estava num momento de transição da área financeira para a área acadêmica, no meio do curso de Mestrado Profissional. Mesmo com grande simpatia pela carreira de professor pesquisador, não imaginava que as coisas teriam evoluído tão rápido nessa direção.
Em 2017 também estava num processo de mudança de cidade, após alguns anos morando e trabalhando no interior, retornei à capital de São Paulo em virtude de uma transferência de área e função na empresa na qual eu trabalhava. Naquela época minha previsão era de passar muitos anos naquela Companhia, consolidar minha carreira na área financeira e talvez me aposentar lá. Pois é, não aconteceu!
Também em 2017, houve perdas e términos dolorosos. Esse ano marcou o falecimento do homem que exerceu na minha vida a figura paterna que não tive do meu pai biológico. Perder meu padrinho tão jovem, também não estava nas minhas previsões. Paralelamente eu passava pelo processo de mudança do meu estado civil para um homem divorciado.
Foi difícil entender que um fim pode servir de recomeço, talvez em outro lugar e com outras pessoas, Estórias que se encerram são grandes aprendizados para as estórias que serão escritas. Pessoas podem decidir seguir por caminhos distintos, mas de certa forma uma parte delas fica conosco, a parte em que fomos modificados por ter convivido com estas pessoas.
Algo que hoje me entristece, e eu também teria errado feio numa previsão em 2017, é o atual estado de ânimos da sociedade brasileira, grande parte motivado por divergências políticas. Ter simpatia por partido ou liderança polítca sempre existiu e sempre existirá. Entretanto, jamais imaginava o atual quadro de "nós contra eles", como se fosse possível qualquer homem (presidente ou não) determinar quem está do lado certo e que está do lado errado da História.
Inflamar o ódio entre brasileiros e simpatizar apenas com quem concorda contigo não ajuda em nada a resolver os problemas do país. Retrocedemos muito como sociedade, e pautas importantes como traçar um plano para recuperar o atraso na educação de milhares de crianças que sofreram com a precariedade das aulas online em escolas públicas estão em segundo plano diante de ideias controversas como homeschooling.
Esse exercício de reflexão revela que as coisas se desenrolam de forma muito diferente do que imaginamos e/ou planejamos. A esperança está no fato de que é possível se surpreender positivamente. Ninguém fica triste se a realidade se mostrar muito melhor do que a expectativa, e isso também ocorreu no meu caso.
Eu tinha um certo desejo de ser pai, mas a sensação é muito mais maravilhosa do que eu projetava. Hoje, meu filho e minha namorada, me fazem feliz de uma forma que eu jamais imaginaria em 2017. Daqui em diante, a única previsão que gostaria de acertar é a de estar com eles num Brasil melhor do que este que vivemos hoje.
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