Num passado distante, quando eu jogava bola descalço no campinho perto de casa, havia uma figura chave na peleja: o dono da bola!
Nem sempre o dono da bola era o melhor jogador, muitas vezes era justamente o oposto, um garoto com pouca habilidade futebolística mas com muita vontade de participar (além de recursos para comprar as famigeradas "bolas de capotão").
Ser o dono da bola lhe conferia algumas vantagens, em geral você podia escolher o time e era o último a ir pro gol em caso de revezamento, além do óbvio "poder" de saber que a partida só começa quando você chegar e se encerra quando você vai embora.
Uma situação chata, embora rara, era quando o dono da bola ficava "puto"por algum motivo e levava a redonda embora no meio da partida.
Os motivos mais comuns eram uma entrada mais violenta de um oponente ou uma derrota acachapante. A reação da geral era tachar o guri de mimado ou acusá-lo de não saber perder.
A moral da história é que, embora haja um acontecimento que lhe chateie, seja uma entrada dura ou a superioridade do oponente, acabar com o jogo é uma saída covarde. Em outras palavras, fica a impressão de que o jogo só faz sentido ser jogado quando lhe é favorável.
O atual Presidente da República é alguns anos mais velho que este escriba, infelizmente não tive a oportunidade de enfrentá-lo numa partida com gols marcados por chinelos e/ou pedras e traves improvisadas com tocos de madeira.
Aliás, dadas as recentes cenas grotescas deste cidadão em partidas recreativas, dá pra notar que ele tem pouquíssima habilidade com a bola. Na minha pelada provavelmente seria o último a ser escolhido, e se houvesse muita gente com certeza ficaria de próximo.
Porém, o caso do inepto líder do executivo é pior que o do garoto que está perdendo e vai embora com a bola, pelo simples fato de que o presidente sequer é o dono da pelota, no caso o sistema democrático brasileiro.
O presidente é o pior tipo de peladeiro, aquele garoto que ao tomar um rolinho e cair de bunda no chão, se levanta e fura a bola para ninguém mais jogar.
Pessoas assim acham que não podem perder, se consideram seres superiores para os quais a derrota nunca é de sua responsabilidade.
Nos campinhos que joguei, quem furasse propositalmente ou robasse a bola teria que se acertar com os pais do dono da pelota, e provavelmente nunca mais seria convidado para nenhuma pelada.
Seu destino era ser condenada ao ostracismo no bairro, uma figura patética que seria barrada da resenha da mulecada e das festinhas de aniversário.
O caminho do presidente será o mesmo, ele sabe que sua punição é questão de tempo. No mais tardar, as urnas (sejam elas eletrônicas ou não) irão declarar em alto e bom som que seu mandato chegou ao fim.
É comum que diante uma derrota iminente, pessoas covardes apelem para qualquer artifício que possa tirar sua responsabilidade no resultado. Mas uma coisa é fato, na democracia o voto pune tanto quanto a bola no futebol.
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