A expressão "Ao vencedor as Batatas" é de autoria do personagem Quincas Borba do excepcional Machado de Assis.
A teoria de Quincas por trás dessa expressão é que, num cenário de recursos escassos, por exemplo poucas batatas para alimentar duas tribos, não é possível uma convivência pacífica entre os dois lados, de forma que a guerra é inevitável.
Assim, a guerra seria a única forma de que alguém sobrevivesse, uma vez que tentar compartilhar os recursos seria inútil, já que todos se alimentariam abaixo de suas necessidades calóricas.
A eleição de 2018 em muito se assemelhou a uma guerra em que apenas uma verdade ou um lado poderia sobreviver, não sendo possível a existência de um pensamento contrário à certas correntes ideológicas.
Pois bem, passado o pleito eleitoral alguns desempenhos são dignos de nota. Para analisar alguns fatos interessantes separei dados apresentados pelo Tribunal Superior Eleitoral, em especial: (i) número de votos, (ii) valores gastos na campanha e (iii) percentual poupado = arrecadação - gastos. Com a divisão de (ii) por (i) obtemos uma medida de valor gasto por voto conquistado.
Em primeiro lugar está o número de votos válidos no primeiro turno da eleição presidencial. O desempenho de Bolsonaro de fato surpreendeu porém, é interessante notar a performance surpreendente do caricato Cabo Daciolo, que deixou para trás nomes tradicionais como Marina Silva e Henrique Meirelles.
Com relação ao total gasto na campanha, Meirelles e Alckmin utilizaram um verdadeiro caminhão de dinheiro em busca da presidência. As cifras acima de R$ 50 milhões são de "cair o queixo" frente a campanha vencedora de Bolsonaro, a qual utilizou (segundo o TSE) apenas R$ 2.46 milhões. Mais uma vez chama atenção o magnífico Cabo Daciolo que gastou apenas R$ 10 mil reais em sua campanha.
Com estes dois dados calculamos o valor gasto para cada voto válido obtido. Nesta abordagem Daciolo apresentou o melhor desempenho gastando 1 centavo para cada voto obtido, seguido de perto pelo presidente eleito que gastou 5 centavos para cada voto que recebeu. Na outra ponta está Henrique Meirelles que gastou cerca de R$ 44 para cada voto que recebeu. Como disse um amigo, foi quase como o Meirelles pagar uma pizza para cada eleitor, fato que fica ainda mais curioso quando se leva em conta que 100% do valor gasto na campanha saiu do bolso próprio Meirelles.
Por fim, por incrível que pareça, houve alguns candidatos que não gastaram tudo o que arrecadaram. Nesta linha o maior poupador foi Bolsonaro que economizou cerca de 44% do total recebido seguido por João Amoedo que poupou 38.9% da verba de campanha. No primeiro caso destaca-se que 85% da arrecadação da campanha veio de "vaquinhas virtuais" enquanto no segundo decorre da posição do Partido NOVO de não utilizar o repasse do Fundo Eleitoral.
Muitos paradigmas foram quebrados nesta eleição mas talvez o mais evidente tenha sido o mantra de que se gasta muito para uma campanha vitoriosa. Se fosse esta a lógica Meirelles seria hoje o Presidente do Brasil. Talvez para a próxima eleição os candidatos tentem desvendar e aplicar a fórmula por trás do sucesso eleitoral de Bolsonaro e em especial do folclórico Cabo Daciolo. Glória à Deuxxxx!
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