Amigas e amigos, sim, acreditem o blog ainda está ativo mesmo após tanto tempo de silêncio.
Tendo lido muitas coisa boa no campo de publicações econômicas, destaque para textos com uma forte pegada empiríca, isto é, testando hipóteses com experimentos aplicados na vida real.
Colocando em termos mais simples, seria muito fácil escrever e dizer que algo funciona mas será que há evidências que corroboram isso ou seria apenas um apanhado de palavras e equações numa folha de papel?
Um ponto que é particularmente vital quando se trata de medir o impacto de uma medida é avaliar num grupo razoavelmente homogêneo a aplicação aleatória de um tratamento.
Dessa forma teríamos um grupo de tratamento e um outro grupo que chamamos de controle. Este procedimento é muito comum na indústria farmacêutica, um grupo de pessoas com um determinado quadro clínico é submetido à uma medicação e certas pessoas recebem o remédio em questão e outras apenas um comprimido de açúcar (placebo).
Pois bem, colocado este pano de fundo, o sábio leitor deve concordar comigo que na indústria farmacêutica deve haver uma série de complexidades porém não parece absurdo imaginar tal procedimento.
Agora, falando de Economia, como fazer experimentos na vida real quando se trata de um país ou mesmo de um grupo de empresas?
Aí o negócio complica, por exemplo, se quisermos testar a hipótese de que a taxa de juros causa crescimento econômico, tal tratamento neste caso seria aplicado ao país Brasil mas quem seria o controle? Um Brasil genérico no qual não reduziriamos a taxa de juros?
Há algumas técnicas estatísticas para nos ajudar nestes casos em que é muito difícil ter um experimento tradicional para avaliar o impacto de uma política pública (e isolá-la de outros efeitos), mas esta é uma estória longa que não cabe aqui neste post.
No dia 17.mai.2019 o atual Presidente da República atestou a dificuldade de governar um país no qual há tantos conchavos e grande influência de grupos de interesses na política nacional.
Mais do que criticar Jair Messias, esta espécie de desabafo me fez lembrar o candidato à presidência pelo Partido Novo, João Amoêdo.
Na eleição realizada em 2018, houve várias peculiaridades, mas em especial me lembro de que muita gente simpatizava com as ideias do Novo porém diziam ser impossível votar em Amoêdo dado que o mesmo não tinha chance alguma de vitória.
Sem entrar no mérito dessa linha de raciocínio a grande questão que surgiu para mim é como seria o Brasil hoje governado por João Amoêdo? Praticando uma Nova Política, sem apadrinhamento, loteamento de cargos e conchavos seria ele mais exitoso do que Jair Messias na árdua tarefa de negociar com Congresso e Sociedade a agenda de reformas necessárias para recolocar o país num ciclo virtuoso de crescimento?
Nesse experimento imaginário podemos argumentar que seria importante no mínimo assumir a bancada no Congresso Federal do Novo igual à atual bancada do PSL, isto é, Amoêdo assumiria com a mesma base incial de apoio que contava o atual presidente.
Algumas simulações seriam interessantes, por exemplo, a família e vida pessoal de João Amôedo parecem fatores bem menos explosivos que as polêmicas da família Bolsonaro porém Amoêdo teria convencido Sérgio Moro à assumir o Ministério da Justiça e Segurança Pública?
Provavelmente não teríamos discussões para flexibilização da posse e uso de armas e o combate ideológica na Educação e Cultura, mas será que Amoêdo não teria praticado algum outro ato que causasse revolta popular como, especulemos, menor tributação à empresários?
Tarefa igualmente difícil a de tentar reconstruir o passado e imaginar um outro presidente na condução de um país é a de tentar prever acontecimentos futuros. Ao divulgar a tese de que o Brasil é ingovernável, Jair Messias revela que não previa tamanha dificuldade ao tomar posse no dia primeiro de janeiro deste ano.
Por mais que seja didático imaginar como estaríamos sob a gestão de outro Presidente, sabemos que não é possível mudar o passado, Jair Messias foi eleito democraticamente e possui quatro anos de mandato.
Amoêdo ou qualquer outra pessoa eleita com uma proposta de ruptura com o velha política com certeza enfrentaria dificuldades, mas convenhamos, ninguém obrigou o Presidente a se candidatar com tal plataforma, a qual se mostrou exitosa nas urnas (seja pelas propostas em si ou por ter captado o desejo de mudança da sociedade).
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