Uma expressão popular diz que "há três coisas na vida que nunca voltam atrás: a flecha lançada, a palavra pronunciada e a oportunidade perdida".
Aqui no Brasil os políticos desafiam parte desta expressão quando, não raramente, falam ou escrevem algo e logo depois voltam atrás, pedindo que os estimados eleitores desconsiderem aquilo que foi dito ou escrito em uma ou várias oportunidades.
Este é o caso do candidato Fernando Haddad e do Partido dos Trabalhadores que na página 17 do seu Plano de Governo defendeu a ideia de uma nova Constituição conforme transcrito abaixo:
"Para tanto,
construiremos as condições de sustentação social para a convocação de uma Assembleia Nacional
Constituinte, livre, democrática, soberana e unicameral, eleita para este fim nos moldes da reforma política
que preconizamos."
Mas fiquem tranquilos eleitores, ontem em entrevista ao Jornal Nacional, Haddad já voltou atrás e disse que o Partido reviu sua posição, desistindo dos planos de uma nova Constituição.
Situação idêntica ocorreu com a candidatura de Jair Bolsonaro, a qual teve que justificar a ideia levantada pelo candidato à vice-presidente General Mourão:
"Uma Constituição não precisa ser feita por eleitos pelo povo."
De forma análoga à Haddad, Bolsonaro também se apressou em dizer que tratou-se duma "canelada" do General Mourão, e que em seu governo haverá total respeito à Constituição. Segundo o candidato, Mourão aprenderá rápido as regras da política e não falará mais coisas deste tipo.
Falando em voltar atrás em compromissos firmados, como não lembrar dos casos de José Serra e João Dória, ambos registraram publicamente a promessa de cumprir o mandato de 4 anos na prefeitura em São Paulo e na metade do caminho foram seduzidos por outros projetos políticos, abandonando o barco e a população paulistana que os elegeu. Nas palavras de Dória:
"Todos os compromissos que eu assumo, eu cumpro. Todos. Não preciso assinar papel, não preciso publicar. Eu cumpro. Eu não sou candidato a nada."
Na reeleição de Dilma Roussef foi consolidada a expressão Estelionato Eleitoral, dado que a campanha da candidata naquela época prometia coisas que já pareciam impraticáveis na data do pleito. Confirmada sua vitória nas urnas, tais promessas foram rapidamente abandonadas, a exemplo do compromisso em não reduzir Gastos Públicos e não elevar a Taxa de Juros.
Estelionato é caracterizado pelo Código Penal como o ato de "obter, para si ou para outro, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil ou qualquer outro meio fraudulento".
Acredito que as pessoas podem se arrepender do que já falaram e que todos podem mudar de opinião com o passar do tempo, porém quando se trata de política, ao ver a recorrência de promessas não críveis com posterior mudança radical de opinião, fica difícil acreditar numa mudança genuína de pensamento.
Algo que seria extremamente positivo para a democracia seria cobrar consistência da classe política. Afinal, é tão difícil acreditar que podemos viver num mundo em que as pessoas falem, escrevam e prometam o que elas realmente acreditam? Isso é o que cobramos e esperamos dos nossos amigos e familiares e também deve ser o mínimo que devemos cobrar dos políticos eleitos para representar e defender os interesses da sociedade.
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