Há certo tempo li o livro The Value of Nothing do economista e escritor Raj Patel. O autor basicamente fala que hoje nós sabemos o preço de quase tudo mas o valor de quase nada.
Pode soar estranho, porém os conceitos tem uma diferença significativa, há coisas que possuem valor mas não tem preço, como por exemplo, o abraço da sua avó ou o beijo da sua namorada. Assim o valor de algo é a tradução da importância daquele item para você, seja em termos de afeto, utilidade ou mesmo monetários.
Um estudo inédito do IPEA, o qual será publicado em agosto deste ano, revelou que R$ 173 bilhões oferecidos em subsídios desde 2002 não atingiram os objetivos alcançados.
A primeira coisa que me chama a atenção é que nunca antes na história desse país havíamos conferido a efetividade dos subsídios oferecidos pelo governo, ou seja, concedemos um bolsa-empresário aqui e ali, pregando que o incentivo iria gerar emprego e estimular a economia do país, porém, após ter gasto o dinheiro, ninguém ia lá verificar o desempenho das empresas beneficiadas.
Dificilmente o estimado leitor faria algo parecido, é como contratar um diarista, pagar adiantado pelo serviço e não checar se ele/ela foi de fato na sua casa e realizou a limpeza ou demais serviços domésticos contratados, e o mais grave, fazer isto por mais de 10 anos.
Por mais difícil que pareça essa atividade, temos um órgão que (teoricamente) possui as ferramentas para tal tarefa hercúlea, que é justamente o IPEA (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas), criado em 1964 e que nesse tempo todo de existência só foi verificar agora essa questão.
Aqui me parece que o cálculo é político, ou seja, se analisarmos o impacto do gasto público e constatarmos que o benefício social e econômico é pequeno ou nulo, será que há legitimidade para aprovar novos subsídios? Se o dinheiro público utilizado já não atingiu os objetivos alcançados faz sentido continuar batendo na mesma tecla?
Além disso, uma perda que não é computada é quanto o país teria ganhado se ao invés de manter um subsídio inútil tivessemos aplicado o mesmo montante numa atividade com claros benefícios sociais e econômicos, à exemplo do Bolsa Família.
Não avaliar as políticas públicas e os benefícios que elas trazem é um duplo prejuízo a sociedade, o dinheiro público é utilizado de forma ineficiente e ainda limita o investimento em atividades nas quais realmente ele poderia estimular a economia e beneficiar a população.
Infelizmente estamos caminhando à passos de formiga e sem vontade na adoção da boa prática de avaliar a eficiência do gasto público. Porém, continuando nessa direção, podemos vislumbrar que um dia os projetos sociais e subsídios sejam criados e mantidos pelo valor que possuem e não apenas pela vontade ou lobby de pequenos grupos,
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