A canção Miss Sarajevo (lançada em 1995) da banda U2 faz uma referência à Guerra da Bósnia, um conflito armado que ocorreu entre 1992 e 1995. A principal mensagem que "tiro" da canção é que mesmo naquele cenário caótico de Guerra, ainda havia tempo para algo, digamos, pouco útil, como realizar um concurso de beleza.
Ontem, nestas terras tupiniquins, Mayra Dias, representante do Amazonas, venceu o concurso de Miss Brasil 2018. Não estamos em Guerra Civil, porém o cenário decorrente da Greve dos Caminhoneiros causa impactos semelhantes ao de uma guerra, tais como desabastecimento e impedimento da livre locomoção das pessoas.
Em primeiro lugar, este escriba não é contra o exercício do direito de greve. Numa democracia temos que comprrender e seguir as leis e, de fato, a lei 7.783 de 1989 assegura este direito para que as entidades de classe defendam os interesses dos trabalhadores.
Porém, esta Greve passou dos limites impostos por esta mesma lei; o inciso primeiro do artigo sexto diz:
"Em nenhuma hipótese, os meios adotados por empregados e empregadores poderão violar ou constranger os direitos e garantias fundamentais de outrem."
Ademais o artigo nono também destaca que o sindicato ou liderança da paralização:
"... manterá em atividades equipes de empregados com o propósito de assegurar os serviços cuja paralização resultem em prejuízo irreparável, pela deterioração irreversível de bens, máquinas e equipamentos..."
Dentre as atividades essenciais listadas pelo legislador estão (i) assistência médica e hospitalar, (ii) distribuição de medicamentos e alimentos, (iii) transporte coletivo, (iv) controle de tráfego aéreo dentre outras.
Pois bem, não precisa ser um jurista para ver que esta greve é um abuso egoísta de uma classe que possui plena convicção de que seu pleito é tão relevante a ponto de justificar toda externalidade negativa gerada nestes 7 dias.
Hospitais anunciam cancelamento de cirurgias, ônibus e viaturas policiais são tirados da rua por falta de combustível, milhares de animais morrem nas estradas ou pela falta de ração nos criadouros, mercados sofrem com desabastecimento de alimentos, escolas são fechadas e pessoas ficam ilhadas em aeroportos porque não há combustível para as aeronaves decolarem.
Não importa mais se o diesel é caro ou se a política da Petrobrás é nociva à atividade dos caminhoneiros, este pleito pode ser meritório e talvez o Governo consiga articular mudanças que baixem os preços do combustível e garantam a previsibilidade tão requisitada pelos grevistas, porém, manter esta greve e causar prejuízos para milhares de brasileiros parece mais uma negociação de um grupo terrorista do que uma forma democrática de reinvindicar seus direitos.
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