Se você perguntar para um
assalariado se o mesmo merece um salário maior dificilmente ouvirá uma
resposta do tipo “imagina, o que eu recebo já é mais do que o suficiente”.
Alguns podem dizer que deveriam
receber mais porque são mais qualificados do que a função exige ou mesmo porque
possuem habilidades superiores à média do mercado. Outra abordagem é
apontar que o salário recebido é muito baixo para o custo de vida atual e manutenção de
despesas médicas, escolares, habitacionais, etc.
O grande debate do momento é como
reduzir as despesas obrigatórias do Governo as quais grosso modo são Folha Salarial e Aposentadoria.
Nesse sentido é no mínimo
questionável o apontamento do Reitor da UNICAMP de que o salário mensal de R$21 mil é muito baixo para atrair bons profissionais.
Na mesma linha magistrados reclamam que o teto salarial de R$ 33 mil está
defasado e inclusive usam este argumento
para justificar verbas indenizatórias das mais diversas como o caso dos juízes
do Acre que recebiam gratificação de 40% por terem curso superior (mesmo sendo
um requisito obrigatório para um juiz).
Sem entrar no debate ideológico vamos ver alguns dados para
entender em que andar da pirâmide salarial estão os nossos estimados
professores universitários. Utilizaremos como base os dados das Declarações deImposto de Renda Pessoa Física da Receita Federal com a ressalva que alguns
profissionais liberais e trabalhadores informais não estão neste relatório.
Considerando 13 salários anuais um professor da UNICAMP que
recebe o teto aufere uma renda bruta de R$ 273 mil anuais. Isso os coloca entre os 10% "mais ricos" da
população dado que 91,6% da população recebe menos de 20 salários mínimos por
mês, faixa equivalente a cerca de R$ 19 mil.
O reitor alerta que muitos talentos irão migrar para a
iniciativa privada porém à princípio não parece tão óbvio que haja um amplo
espectro de oportunidades para absorver profissionais que já
estão numa faixa salarial tão alta.
O mais curioso é que mesmo reconhecendo a situação dramática
da UNICAMP Knobel afirma que não pretende demitir funcionários e ainda cita a
PEC 5/2006 que pretende elevar o teto dos professores universitários para R$ 30
mil (Salário dos Desembargadores de Justiça de São Paulo).
A diferença de visão no debate entre público e privado é
algo difícil. Uma empresa privada num cenário similar estaria
trabalhando sim para manter os melhores talentos, porém com uma estratégia
clara de corte de custos, elevação de eficiência e busca de novas receitas. No
setor público insiste-se na retórica de que as instituições prestam um serviço
relevante para a sociedade e por isso precisam de mais verba sem sequer uma reflexão
de quais despesas poderiam ser otimizadas ou mesmo reduzidas.
Marcelo Knobel ainda de opõe à cobrança de mensalidade;
acredito que ele deveria observar com mais atenção os estacionamentos de
algumas das faculdades da UNICAMP e observar a quantidade de carros de alto
valor (muitos importados) e refletir se o estudo de diversos jovens de alta
renda deveria mesmo ser custeado integralmente por impostos como o ICMS que
tributam inclusive os mais pobres que talvez nunca possuam recursos para
comprar um veículo.
Aliás, por que os estacionamentos da UNICAMP são gratuitos? Não
seria uma medida interessante cobrar uma tarifa para estes estudantes que
possuem carros e elevar as receitas da UNICAMP?
Knobel diz que é “papel do Estado manter Universidades por
meio do pagamento de Impostos”; esse
argumento é tão robusto quanto à célebre expressão “Não sei, Só sei que foi assim” do personagem Chicó da peça Auto da Compadecida do
escritor Ariano Suassuna.
As pessoas tem que entender que os tempos mudaram, o Estado
cresceu mais do que seu orçamento suporta e sacrifícios serão necessários se não
quisermos que o Brasil torne-se um grande Rio de Janeiro no qual servidores públicos e
aposentados ficam meses sem receber seus salários e não há recursos para Saúde, Educação ou
Segurança Pública.
Um salário maior todos queremos e até podemos discutir como
Sociedade se os professores universitários estão no topo deste pleito mas tão
deprimente quanto a situação financeira da Univesidades Estaduais é observar o
cabresto ideológico de quem não consegue entender que não há mais espaço para
almoço grátis nem truque de economágica nas Finanças Públicas.
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