“If you put two economists in a
room, you get two opinions, unless one of them is Lord Keynes, in which case
you get three opinions.”
Esta frase do célebre Primeiro
Ministro e Prêmio Nobel de Literatura Winston Churchill (já utilizada em outras
ocasiões neste espaço) revela uma característica um tanto quanto peculiar à
classe dos economistas, algo que pode ser traduzido como concordar em
discordar.
A Economia como ciência é um
tanto quanto diferente de outras ciências pelo peso da interpretação. Um
procedimento científico à rigor requer que uma hipótese seja testada por meio
de um ou mais tipos de experimento e se atendidos certos parâmetros estatísticos
de robustez é possível validar ou invalidar nosso questionamento inicial.
Porém a Economia por aqui parece cada
vez mais uma conversa sobre futebol num buteco em que cada um começa a
discussão cheio de vieses e paixões; tomemos como exemplo um torcedor
palmeirense o qual tem maior probabilidade de afirmar que seu time possui 9
Títulos Nacionais (Taças Brasil 60 e 67, Robertão 67 e 69 e Brasileirão 72, 73,
93, 94 e 16) do que um torcedor do Corinthians que possui apenas os Títulos do
Brasileirão (90, 98, 99, 05, 11 e 15).
A discussão é puramente
conceitual, pois se considerarmos apenas os torneios organizados pela
Confederação Brasileira de Futebol (CBF) o Corinthians leva a vantagem no
placar de 6 x 5 enquanto se considerarmos todos os Campeonatos Nacionais
(organizados pela CBF ou não) o Palmeiras vence a disputa por 9 x 6.
Quem define quem está certo e
quem está errado nesse caso? Em dezembro de 2010 a CBF após analisar o "Dossiê
pela Unificação dos Títulos Brasileiros a Partir de 1959", assinado por
José Carlos Peres, fundador da ONG Santos Vivo, e pelo jornalista Odir Cunha
decidiu também reconhecer como Campeões Brasileiros os vencedores dos torneios
Taça Brasil e Roberto Gomes Pedrosa, o “Robertão”.
Logo, fim de discussão, a
entidade máxima do ludopédio tupiniquim regulamentou de forma clara essa
questão e por mais que o torcedor do Corintiano possa achar injusto este é o
critério e fim de papo.
Mas e no caso dos Economistas
quem seria a nossa CBF para afirmar se a TLP é melhor do que a TJLP para as
finanças públicas? Quem poderia definir se maior gasto público traria crescimento
econômico ou se é necessário realizar um profundo ajuste fiscal antes de tudo?
Quem poderia dizer quando estaremos num cenário de dominância fiscal?
Temos algumas entidades de classe
como os Conselhos Regionais de Economia, porém eles estão muito longe de
exercer este papel. A melhor alternativa é de fato ser um pouco mais
criterioso, olhar as evidências estatísticas com afinco e testar as hipóteses
antes de sair falando uma opinião que mais revela nossa crença do que uma
análise fundamentada.
Atualmente, tanto pelo cenário de
recessão como pela própria evolução das ferramentas de comunicação, o
economista possui muita voz e espaço na mídia. Algo que me incomoda nestes
debates intermináveis é o que um cronista esportivo uma vez citou como o “complexo
de pitbull”. De forma oposta ao “complexo de vira-lata” no qual uma pessoa acha
que tudo o que ela faz é inferior, no complexo de pitbull as pessoas acreditam
que o que elas dizem e/ou fazem é superior e essa crença às leva à miopia ou
mesmo cegueira intelectual para debater com sobriedade e mesmo reconhecer que
podiam estar equivocadas.
Um curioso e excêntrico estudo
dos pesquisadores Dunning e Kruger afirmou que a ignorância gera confiança com
mais frequência do que o conhecimento. O chamado efeito Dunning-Kruger ocorre
quando indivíduos que possuem pouco conhecimento sobre um assunto acreditam
saber mais que outros melhor preparados. Dessa forma os mesmos tomam decisões
erradas e cheguem a resultados indevidos; é a sua incompetência que os
restringe da habilidade de reconhecer os próprios erros.
Talvez fosse interessante para
muitos economistas dar uma breve lida no paper de Dunning e Kruger (Unskilled
and Unaware of It: How difficulties in Recognizing One’s Own Incompetence Lead to Inflated Self-Assessments; Journal
of Personality and Social Psychology) para quem sabe termos debates mais
produtivos do que os atuais Fla-Flu ideológicos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário