Umas das coisas que mais gosto nessa vida é a possibilidade de todo dia adquirir algum novo conhecimentos; isso não se limita à Economia pois também acho fantástico aprender algo novo sobre Gastronomia, Esportes, Política, Música, Cinema, Séries, etc.
O mais bacana é que conhecimento não se adquire apenas numa sala de aula; como sempre reforço neste blog hoje o acesso à internet deixou tudo muito mais fácil. Antigamente uma receita de bolo passava de geração em geração no caderno de páginas amareladas da Vovó enquanto hoje não só há infinitas receitas disponíveis na rede como também vídeos com o passo a passo de como fazê-las.
Dito isso, numa dessas conversas de bar com uma amiga que está de mudança para Colômbia falávamos de Análise de Impacto de Políticas Públicas; ok, muitos devem questionar por que raios alguém falaria disso numa mesa de bar porém nestes anos de buteco vou confessar que já tive conversas bem mais exóticas do que esta acompanhadas de um copo de cerveja e amendoim.
Pois bem, o mundo político em geral possui duas características nefastas quando falamos de Intervenções Governamentais e Análise de Impacto as quais são:
I. Curto Prazismo - não raro vemos políticos apoiarem por exemplo mais recursos para o Ensino Superior ao invés de focar no Ensino Básico visto que o efeito sob o eleitorado é maior e mais rápido na primeira estratégia
II. Falta de Indicadores - nas campanhas políticas é comum ver propagandas de que o Governo A gastou x vezes mais em Educação do que o Governo B porém dificilmente são reforçados dados qualitativos como "o aumento dos gastos com educação impactaram de forma significativa o conhecimento de matemática e português dos alunos?"
Nesse contexto, cria-se uma espécie de "arapuca", como fazer que Políticos que pensam dessa forma direcionem esforços e recursos para questões de difícil tratamento como por exemplo medidas de prevenção para reincidência de presidiários ou redução de homicídios na população afrodescendente (estudo recente do IPEA indicou que de cada 100 pessoas assassinadas 71 são afrodescendentes)?
A resposta é que talvez não seja possível! Ou mesmo que fosse talvez o caminho mais eficiente não seja deixar esses pontos exclusivamente nas mãos do Estado; aqui entra valiosa contribuição da minha amiga que me indicou a leitura de um tópico que eu desconhecia, o chamado Bond de Impacto Social. A Colômbia firmou em Março deste ano um Acordo neste escopo para atacar os altos indíces de desemprego entre as classes sociais mais vulneráveis como jovens e mulheres de baixa renda e formação educacional.
Pesquisando sobre o assunto a referência no tema é a Instituição Social Finance do Reino Unido que publicou ano passado um excelente estudo sobre este tema que teve seu primeiro grande projeto em 2010.
Mas afinal o que são estes Bonds de Impacto Social? Aquele que tiver curiosidade sobre o tema recomendo fortemente a leitura do relatório (link anterior); de forma resumida são Acordos que podem ser enquadrados como Parcerias Público Privada. Há uma definição junto aos Governos de um Problema Social à ser tratado e os recursos financeiros para o projeto são levantados com a Iniciativa Privada. Nesse instrumento o Investidor só aufere o retorno do capital se houver evidências de melhoria nos indicadores sociais.
O Estudo da Social Finance mostrou que em 2016 já havia 60 Bonds de Impacto Social em diversos países do munfo. Nem todos foram um sucesso retumbante porém é muito interessante notar que 21 deles já mostraram impacto positivo e 4 inclusive propiciaram aos Investidores o retorno do capital. Acima de tudo é muito legal constatar que há formas alternativas de tratar questões sociais mesmo num cenário de contenção de despesas públicas o que pode ser um grande aprendizado para nós aqui nestas terras tupinquins.
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