O Economista é um tipo de Cientista muito particular; nosso Laboratório muitas vezes é uma prancheta e uma planilha de Excel e em outras apenas a nossa fértil imaginação.
Diferente do Químico ou Farmacêutico que pode aplicar a Ciência e realizar testes empíricos, muitas vezes o Economista simplesmente fala sua Teoria com base em Convicções nem sempre apoiadas por Dados.
Muitas vezes trata-se de falta de rigor acadêmico porém em outras é de fato impossível realizar alguns testes ou mesmo coletar certos dados.
Outras vezes um experimento é realizado sem ninguém planejar e serve de lição e aprendizado. Um caso clássico e triste foi o da Greve de Policiais no Espírito Santo.
Muito se debate sobre o papel do policiamento na manutenção da segurança e redução da criminalidade porém nem o mais maldoso economista iria propor o teste da hipótese "o que aconteceria com a criminalidade se tirássemos todos os policiais da rua?. Por uma série de fatores esse experimento aconteceu e o resultado foram cenas de barbárie similiares a do seriado Walking Dead.
Pois bem, no mundo econômico há uma situação intessante vislumbrada por Keynes o qual sugeriu enterrar garrafas cheias de dinheiro em minas de carvão desativadas para que as empresas retomassem a exploração gerando assim empregos e renda.
O FGTS sem dúvida tem seu papel na sociedade brasileira; apesar de financeiramente ser algo temerário, dado que o dinheiro depositado rende menos do que a inflação, não deixa de ser uma poupança forçada para um país que ainda não apresenta uma cultura solidificada de poupar e investir.
Grosso modo você só pode sacar os recursos em caso de Demissão sem Justa Causa, Doenças Graves ou para o Financiamento Imobiliário. Porém num cenário de alto desemprego e economia estagnada por que não liberar este recurso ao cidadão para ele gastar da forma que achar mais adequada?
No primeiro dia até as 11 da manhã já haviam sido pagos R$ 300 milhões para cerca de 300 mil trabalhadores (média de mil reais por trabalhador); nesse contexto um ponto tão importante quanto o montante é o efeito multiplicador deste valor (outro conceito analisado por Keynes).
O brasileiro poupa em média 15% da sua renda, pouco se comparado a outros países. Como referência de um extremo temos a China na qual um cidadão médio poupa cerca de 50% do que recebe.
Imagine Joãozinho foi hoje à Agência da Caixa e sacou seus R$ 1.000. Pensando em termos médios ele tenderá a poupar apenas R$ 150 (1000*15%) e gastar R$ 850 pagando um empréstimo que tinha com "Seu Zé".
"Seu Zé" recebe os R$ 850 e seguindo a hipótese da poupança média ele guarda R$ 127,50 e gasta R$ 722,50 na Loja do Marquinho.
Marquinho ao receber estes R$ 722,50 poupa R$ 108,40 e gasta R$ 614,25 comprando novas mercadorias para sua Loja.
Esse ciclo se repete infinitas vezes e para calcular o valor que os R$ 1.000 reais originais fizeram a economia girar basta fazer: Montante Total = Montante Inicial *(1/Taxa de Poupança-1).
Assim os R$ 1.000 reais de Joãozinho fizeram a economia girar R$ 5.666,67. Aplicando a fórmula aos R$ 300 milhões sacados ontem podemos projetar um efeito multiplicador potencial na economia de R$ 1.7 bilhões.
Alguns leitores podem falar "eu não vou gastar o dinheiro e conheço muitos que também não vão"...ok, eu mesmo também não vou mas o importante aqui é perceber que este é um baita de um experimento com potencial para ativar um valor realmente expressivo na economia.
Fato mais impressionante é que, diferententemente da ideia do Governo enterrar dinheiro proposta por Keynes, não estamos utilizando dinheiro público mas sim oferencedo a oportunidade às pessoas sacarem parte de um montante (lembrando que ainda ficarão retidos os valores do FGTS de contas ativas) que lhes pertence e dar uma utilidade maior do que os míseros 3% ao ano mais uma ínfima correção da TR do FGTS.
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