Estava em casa e num intervalo comercial foi veículado uma propaganda de Natal da empresa Boticário. Esperava uma propaganda clichê de uma família trocando presentes e dentre eles algum perfume ou cosmético mas o que chamou a atenção foi a escolha de um tema diferente, o Natal de crianças de pais separados/divorciados.
Por mais que seja algo comum, não me lembro de alguma outra empresa explorar esta situação. Na prática é muito mais fácil retratar o natal de uma "família perfeita" mesmo que essa não seja uma cena tão frequente nos dias atuais como já foi no passado.
Enfim, pensando no funcionamento do mercado essa tática pode inclusive ser mais efetiva do que a de casais que viveram "felizes para sempre"; vivemos num mundo real e os consumidores criam conexões muito mais sólidas com empresas que entendem a realidade na qual estamos inseridos.
Para adotar uma estratégia menos convencional é preciso coragem e ousadia, pensar fora da caixa e fugir do senso comum. Esta propaganda é um exemplo porém olhando ao meu redor e aproveitando o cenário de Retrospectivas 2016, este foi sem dúvida um ano de quebra de tabus.
Hoje temos Governadores, Senadores, Ministros e Empresários presos, vendo o nascer do Sol numa janela quadrada e trajando uniformes de presidiário. A velha frase de que "só pobre vai para cadeia" começa gradualmente encaminhar para algo como "a justiça tarda mas não falha".
A Lava Jato impressiona por números como:
- Propina Declarada R$ 6.4 bilhões
- Repatriamento de R$ 757 milhões
- Bens Bloqueados Totalizando R$ 3.2 bilhões
- 120 Condenações Totalizando cerca de 1257 anos de Pena
Hoje discutimos questões espinhosas porém fundamentais para um País sustentável para as próximas gerações como um limite para os Gastos Públicos, a Reforma da Previdência e Reformas na Legislação Trabalhista. O debate não é fácil mas neste momento é preciso ter coragem para tomarmos decisões difíceis.
O dinheiro acabou, com certeza seria mais fácil despejar um caminhão de dinheiro na mão dos Estados e Municípios quebrados porém, mesmo sendo muito jovem nas décadas de 80 e 90, acredito que a sociedade não quer voltar àquele passado de hiperinflação.
Há alguns estudiosos que acreditam que a Recessão é um problema e prescisamos evitá-lo à qualquer custo nem que isso implique em saídas fáceis como perdoar as dívidas dos Estados sem qualquer contrapartida.
Sinto pelos milhares de funcionários públicos que estão sem receber porém o que temos que ter em mente é que esta Recessão pode ser uma oportunidade para garantir que situações como essa não se repitam no futuro. E isso não acontecerá sem medidas duras que obriguem o Administrador Público a ter maior responsabilidade orçamentária.
Dias melhores hão de vir, mas não sejamos ingênuos em acreditar que não haverá custos e que a travessia por esta ponte ou pinguela para o futuro será um "mar de rosas".
Sejamos realistas e encaremos que o Mundo Mudou; só assim poderemos aproveitar esta recessão como uma oportunidade para arrumarmos a casa de vez e consolidar as bases para um futuro sólido.
Nenhum comentário:
Postar um comentário