Responda o seguinte problema com a primeira resposta que lhe vier a mente:
I. Um taco e uma bola de baseball custam juntos US$ 1,10.
II. Sabe-se que o taco custa US$ 1,00 a mais que a Bola.
P. Quanto custa a Bola?
Este é um problema apresentado no Livro Rápido e Devagar de Daniel Kahneman, Psicólogo vencedor do Prêmio Nobel de Economia de 2002 devido sua contribuição no campo de Finanças Comportamentais.
A resposta correta é US$ 0,05 porém observa-se que um grande número de pessoa responde US$ 0,10. Caso tenha sido este seu caso faça a soma do preço do taco mais o preço da bola e veja se o resultado é US$ 1,10.
O livro vale a leitura inclusive por ter aplicação muito mais abrangete do que a Ciência Econômica. A questão mais importante que gostaria de destacar utilizando o exemplo da Bola e do Bastão são erros de julgamento que incorremos por não termos a disciplina de checar uma informação.
Alguns exemplos que podem levar o leitor (ou um ouvinte) a uma conclusão equivocada caso não haja a disciplina de conferir a veracidade dos fatos:
a. No Governo Lula houve aumento real do Salário Mínimo enquanto no Governo FHC não
b. Uma Parceria Público Privada não pode ser configuarada como Privatização
c. A preocupação com a qualidade do Ensino Público de um Governo pode ser vista pelo aumento nos Gastos com Educação
d. Programas Sociais como o Bolsa Família foram criados à partir do Governo Lula
e. Pelé teve uma média de 58,5 gols por ano, número semelhante ao que apresentam Cristiano Ronaldo e Messi atualmente
Há muitos fatores que explicam o motivo de assumirmos (muitas vezes de forma consciente) como correta uma informação falsa. De forma resumida Daniel Kahneman traduz isso como dois Sistemas que existem em nossa mente, um Rápido e outro Devagar.
O Sistema Rápido é intuitivo e impulsivo enquanto o Sistema Devagar é analítico porém demanda esforço para ser ativado. Muitos erros de julgamento ocorrem quando tarefas do Sistema Devagar são delegadas ao Sistema Rápido.
Em Economia há muito debate e são comuns teses mirabolantes ou mesmo grosseiramente inconsistentes que são apresentadas numa roupagem elegante e dessa forma ganham credibilidade.
Um artigo que vem chamando atenção dentre outros aspectos pela excentricidade aponta que o Brasil sofre parcialmente de uma Doença Holandesa, situação na qual os incentivos à exportação de commodities são tão grandes que não há investimento na indústria local.
O autor propõe dentre outras medidas que sejam taxadas as exportações de commodities para dessa forma direcionar recursos para o desenvolvimento da indústria e colocar a taxa de câmbio no lugar correto (mais depreciada).
Esse argumento faz sentido? Teria apoio popular taxarmos a exportação de soja, milho e minério de ferro em prol da nossa competitiva indústria local?
Agora e se eu disser que o autor do texto já foi Ministro da Fazenda, é Doutor em Economia pela USP e Mestre em Administração pela Michigan State, a ideia ganha um pouco mais de credibilidade?
Quem se interessar em ler a tese do Novo Desenvolvimentismo que destaca o Imposto sobre Exportação de Commodities basta clicar aqui.
Resumindo, é de extrema importância que o debate econômico seja apoiado em evidências empíricas e fundamentos sólidos para não incorrermos numa análise rala que nos leve a conclusões equivocadas. Não por mera coincidência simpatizo com a frase do Dramaturgo George Shaw, cofundador da London School of Economics, que marca a retórica deste blog: "Para todo problema complexo, existe uma solução clara, simples e errada".
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