Um abordagem muito utilizada quando se analisa uma empresa ou um país é a diferença entre a situação naquele momento (uma foto ou posição estática) e a perspectiva (o filme ou projeção dinâmica).
Em geral uma foto bonita somada a bons argumentos leva um Analista Econômico à projetar um belo filme e de forma análoga uma foto feia e/ou perspectivas ruins impactam negativamente as Projeções e Cenários Econômicos.
No caso brasileiro um bom exemplo do descolamento do que se projetava e o que se concretizou foram as capas da Economist:
Se esperava muito do país porém uma sério de erros de Política Econômica somados à gravíssimos escandâlos de corrupção nos levaram ao atual cenário.
Atualmente o grande debate é como colocar a Economia de volta aos trilhos e estabilizar as Finanças Públicas. Um excelente post do professor Bernardo Guimarães destaca o Tamanho da Encrenca da atual Equipe Econômica.
Apesar do excelente time liderado por Henrique Meirelles e Ilan Goldfajn montado pelo Presidente interino Michel Temer hoje o país se encaminha para uma Dívida Bruta de cerca de 70% do PIB, um Déficit Primário projetado de quase 3% do PIB e perspectivas modestas de Crescimento do PIB
Em seu post Bernardo destrincha o esforço necessário para estabilizar a Relação Dívida/PIB; aproveitei a deixa para colocar em termos gráficos a situação nos próximos 6 anos com alguns ajustes nas premissas adotadas (os valores estão em % do PIB):
Basicamente assumindo que a partir de 2017 o PIB cresça a 2.5% será necessário um Superávit Primário de cerca de 1.75% do PIB para manter a Relação Dívida/PIB estável em 70%.
Neste exercício a Dívida cresce (ou diminui) em função de dois fatores: I. Déficit ou Superávit Primário e II. Juros Reais pagos pelo Governo; dado o atual patamar da Selic de 14,25% e o IPCA acumulado nos útlimos 12 meses de 9,32% adotei uma taxa de juros real de 5% como premissa.
E por que considerar os Juros reais ao invés dos Nominais (Selic) no cálculo da Dívida? Para entender este ponto recomendo um post curto e certeiro de Alexandre Schwartsman explicando de forma didática esta questão ao Professor Belluzzo.
Grosso modo imagine que o Brasil produziu em 2016 a mesma quantidade de bens que em 2015 porém devido a inflação de 10% no ano o PIB nominal cresceu 10%. É correto afirmar que a Economia Brasileira cresceu 10% de um ano para o outro?
Apesar de Belluzzo acreditar que sim a resposta é não; o PIB é uma variável real (soma de todos os produtos e serviços produzidos por uma economia em um período de tempo) e dessa forma deve ser comparado com variáveis reais.
Avançando no exercício tracei dois cenários adicionais, um Otimista no qual há Superávit Primário, queda nos Juros Reais e maior Crescimento Econômico e outro Pessimista no qual mantemos um Déficit Primário, os Juros Reais se elevam e o PIB anda de lado.
Não é difícil perceber a trajetória explosiva da Dívida no Cenário Pessimista; na vida de um Governo como na vida de um Cidadão Comum um Endividamento crescente aumenta a dificuldade de pagar as contas em dia tal como encarece (deixa os juros mais altos) novos empréstimos.
A esperança do Governo era de que com os estímulos direcionados e marretando a Taxa de Juros para baixo (independente de termos Déficit Primário) o Crescimento Econômico surgiria num passe de Economágica, porém o que colhemos foi baixo crescimento, inflação em alta e juros elevados.
Resta torcer que este tenha sido o último experimentalismo econômico de fórmula mágica de crescimento e que possamos a partir deste estado calamitoso organizar as bases para um Crescimento Econômico Sustentável.
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