Talvez não seja uma expressão tão ouvida nos últimos tempos, mas quando pegamos alguém falando alguma mentira ou estória exagerada, podemos falar que esta é uma conversa de araque.
A palavra araque deriva da bebida alcoólica arábe "arak", um destilado feito com seiva de palmeira ou do arroz. Assim, a expressão foi criada para tratar de uma conversa entre pessoas geralmente embriagadas, dotadas de pouco discernimento após tomarem algumas doses de "arak".
Nesta eleição alguns economistas (se é que podemos chamá-los assim), na função de assessores dos candidatos à presidência, apresentaram ideias no mínimo esdrúxulas. Mesmo sem aparentemente terem tomado "arak" ou qualquer outra bebida alcoólica, algumas das medidas propostas parecem mais devaneios do que uma medida econômica.
Este é o caso por exemplo de Paulo Guedes, o economista por trás do candidato Bolsonaro, o qual atestou ser possível levantar R$ 1.0 trilhão em privatizações. Ora, o governo possui de fato este montante aproximado em ativos porém as participações em estatais (incluindo Petrobrás) somam cerca de R$ 250 bilhões, o restante são estradas, escolas e parques os quais Paulo Guedes não deixa muito claro como seriam privatizados.
Outra medida folclórica é o Programa Nome Limpo de Mauro Benevides e Ciro Gomes, isso mesmo Pai Ciro irá limpar seu nome do SPC! E como funcionaria na prática? Ciro iria negociar juros e multas e brigaria por um desconto de 70% referente aos juros abusivos da sua dívida. O saldo devedor seria financiado num esquema de aval solidário no qual, quando um devedor der calote, outros quatro seriam responsáveis pela dívida. Lindo não? Mas atenção, caso Ciro seja eleito, esta barganha só será válida para quem estava com o nome no SPC até 20 de julho de 2018.
Também pode ser enquadrada como conversa de araque o potencial arrecadador da taxação de dividendos e grandes fortunas de Guilherme Mello do PT, que estima com o tributo arrecadar algo equivalente a 3% do PIB brasileiro, cerca de R$ 220 bilhões. Como bem mostrou Alexandre Scwhartsman no artigo Aritmética para Iniciantes, se usássemos a taxa de 1.0% sugerida por Márcio Ponchmann (outro economista do PT), seria necessário que as grandes fortunas totalizassem R$ 14 trilhões para zerar o déficit público com este imposto. Uma vez que os bens e direitos de toda a população brasileira (ricos ou pobres) somam cerca de R$ 7.2 trilhões, seria necessário que a fortuna dos brasileiros se multiplicasse algumas vezes para atingir a meta estipulada por Ponchmann.
Poderíamos continuar aqui descrevendo uma série de outras medidas sem pé nem cabeça e muito menos consistência econômica, porém o principal ponto desta mensagem é ressaltar que, numa eleição é muito fácil cruzar a linha da honestidade intelectual em busca de mais votos.
A política é a arte do convencimento, porém seria interessante vislumbrar um horizonte em que as campanhas fossem estruturadas não com base na proposta que chamará mais atenção da população, mas sim em propostas factíveis, construídas com argumentos sólidos e praticáveis ao invés de um populismo de buteco.
É frustrante pensar que alguma destas 3 linhas de propostas de araque poderá ser eleita. No curto prazo, tais medidas podem até obter algum êxito com relação ao crescimento econômico, porém no longo prazo sabemos que não há almoço grátis e que toda gastança populista acaba mais cedo ou mais tarde num cenário de escassez de recursos e inflação galopante.
Oxalá este escriba esteja errado e que nos próximos 4 anos seja possível trilhar um caminho de estabilidade e crescimento econômico, mas fica difícil acreditar nisso quando políticas econômicas são propostas com base apenas na fé, sem qualquer suporte de dados e números críveis.
Outra medida folclórica é o Programa Nome Limpo de Mauro Benevides e Ciro Gomes, isso mesmo Pai Ciro irá limpar seu nome do SPC! E como funcionaria na prática? Ciro iria negociar juros e multas e brigaria por um desconto de 70% referente aos juros abusivos da sua dívida. O saldo devedor seria financiado num esquema de aval solidário no qual, quando um devedor der calote, outros quatro seriam responsáveis pela dívida. Lindo não? Mas atenção, caso Ciro seja eleito, esta barganha só será válida para quem estava com o nome no SPC até 20 de julho de 2018.
Também pode ser enquadrada como conversa de araque o potencial arrecadador da taxação de dividendos e grandes fortunas de Guilherme Mello do PT, que estima com o tributo arrecadar algo equivalente a 3% do PIB brasileiro, cerca de R$ 220 bilhões. Como bem mostrou Alexandre Scwhartsman no artigo Aritmética para Iniciantes, se usássemos a taxa de 1.0% sugerida por Márcio Ponchmann (outro economista do PT), seria necessário que as grandes fortunas totalizassem R$ 14 trilhões para zerar o déficit público com este imposto. Uma vez que os bens e direitos de toda a população brasileira (ricos ou pobres) somam cerca de R$ 7.2 trilhões, seria necessário que a fortuna dos brasileiros se multiplicasse algumas vezes para atingir a meta estipulada por Ponchmann.
Poderíamos continuar aqui descrevendo uma série de outras medidas sem pé nem cabeça e muito menos consistência econômica, porém o principal ponto desta mensagem é ressaltar que, numa eleição é muito fácil cruzar a linha da honestidade intelectual em busca de mais votos.
A política é a arte do convencimento, porém seria interessante vislumbrar um horizonte em que as campanhas fossem estruturadas não com base na proposta que chamará mais atenção da população, mas sim em propostas factíveis, construídas com argumentos sólidos e praticáveis ao invés de um populismo de buteco.
É frustrante pensar que alguma destas 3 linhas de propostas de araque poderá ser eleita. No curto prazo, tais medidas podem até obter algum êxito com relação ao crescimento econômico, porém no longo prazo sabemos que não há almoço grátis e que toda gastança populista acaba mais cedo ou mais tarde num cenário de escassez de recursos e inflação galopante.
Oxalá este escriba esteja errado e que nos próximos 4 anos seja possível trilhar um caminho de estabilidade e crescimento econômico, mas fica difícil acreditar nisso quando políticas econômicas são propostas com base apenas na fé, sem qualquer suporte de dados e números críveis.
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