Um dos argumentos mais comuns no repertório da desonestidade intelectual é levantar estatísticas que contribuem para seu ponto de vista e omitir aquelas que não lhe convém.
Este tipo de comportamento lembra muito o Efeito Halo , o qual resumidamente fala que as primeiras impresões contam (e muito) e criam um viés que interfere a capacidade de julgamento das pesssoas.
Imagine que você no seu ambiente de trabalho ou de estudos tenha uma experiência desagradável com algum colega logo no primeiro contato. Suponha que por exemplo você testemunhou a pessoa falando mal de outros colegas ou reparou que ela fica constantemente em redes sociais ao invés de se dedicar à suas atividades ou mesmo viu esta pessoa "furando fila". Neste caso muitas pessoas teriam dificuldade de avaliar de forma imparcial estes indivíduos, por mais que nos dias posteriores a pessoa tenha mostrado outras qualidades ou mesmo que aqueles traços de má conduta tenham sumido, é difícil acreditar que a sua primeira impressão possa estar tão errada.
Quando falamos de Economia, por mais forte que sejam nossas convicções e vieses, há sempre algo que qualquer profissional sério pode fazer para obter uma avaliação imparcial, utilizar ferramentas estatísticas que validem sua hipótese de forma robusta e a diferencie de um mero chute ou opinião de buteco.
Pois bem, quando a Reforma Trabalhista do atual Governo foi implementada, partidos políticos caracterizados como de esquerda e mesmo o folclórico Eduardo Suplicy (que fica aqui o registro foi professor titular de Economia da EESP-FGV por décadas) saíram correndo para alardear sobre as mazelas da medida que reduziu empregos após implementada.
Curiosamente (ou não), essas mesmas pessoas não vieram se pronunciar publicamente sobre os 195 mil empregos criados no período de janeiro a março de 2018 conforme divulgado pelo CAGED na semana passada (série sem ajuste sazonal).