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sábado, 28 de abril de 2018

Efeito Halo e Conveniência

Um dos argumentos mais comuns no repertório da desonestidade intelectual é levantar estatísticas que contribuem para seu ponto de vista e omitir aquelas que não lhe convém.

Este tipo de comportamento lembra muito o Efeito Halo , o qual resumidamente fala que as primeiras impresões contam (e muito) e criam um viés que interfere a capacidade de julgamento das pesssoas.

Imagine que você no seu ambiente de trabalho ou de estudos tenha uma experiência desagradável com algum colega logo no primeiro contato. Suponha que por exemplo você testemunhou a pessoa falando mal de outros colegas ou reparou que ela fica constantemente em redes sociais ao invés de se dedicar à suas atividades ou mesmo viu esta pessoa "furando fila". Neste caso muitas pessoas teriam dificuldade de avaliar de forma imparcial estes indivíduos, por mais que nos dias posteriores a pessoa tenha mostrado outras qualidades ou mesmo que aqueles traços de má conduta tenham sumido, é difícil acreditar que a sua primeira impressão possa estar tão errada.

Quando falamos de Economia, por mais forte que sejam nossas convicções e vieses, há sempre algo que qualquer profissional sério pode fazer para obter uma avaliação imparcial, utilizar ferramentas estatísticas que validem sua hipótese de forma robusta e a diferencie de um mero chute ou opinião de buteco.

Pois bem, quando a Reforma Trabalhista do atual Governo foi implementada, partidos políticos caracterizados como de esquerda e mesmo o folclórico Eduardo Suplicy (que fica aqui o registro foi professor titular de Economia da EESP-FGV por décadas) saíram correndo para alardear sobre as mazelas da medida que reduziu empregos após implementada.

Curiosamente (ou não), essas mesmas pessoas não vieram se pronunciar publicamente sobre os 195 mil empregos criados no período de janeiro a março de 2018 conforme divulgado pelo CAGED na semana passada (série sem ajuste sazonal).

terça-feira, 10 de abril de 2018

Placar da Rodada e a Sensação de Violência

Num passado não muito distante no qual internet, smartphones e 4G/3G eram tecnologias embrionárias ou mesmo inexistentes, uma tarefa hoje banal como a de checar os resultados da rodada de futebol eram significativamente difíceis.

Nesse contexto, nos meus idos da década de 90 (na qual ainda não possuía acesso à Internet ou mesmo TV à cabo), num domingo qualquer que eu não podia assistir ao jogo do Palestra as 16 horas na Globo ou Bandeirantes e eu retornava para casa por volta das 19 horas, as alternativas para descobrir os resultados dos jogos eram:

(i) perguntar para alguém de casa ou o vizinho, caso eles tenham assistido aos jogos;
(ii) esperar até o horário dos gols da rodada no Fantástico;
(iii) acompanhar as discussões nos programas de mesa redonda (Gazeta Esportiva, Terceiro Tempo, etc);
(iv) sintonizar no rádio uma emissora esportiva e aguardar o locutor repassar os resultados;
(v) esperar até segunda-feira para comprar o jornal na banca da esquina ou assistir ao jornal matinal  na TV;

Hoje os leitores devem concordar que essa questão é resolvida muito mais facilmente. É possível com um smatphone assistir à jogos ao vivo de qualquer lugar que estivermos. Além disso os grupos de Whatsapp, Aplicativos e Internet são ferramentas de amplo acesso que nos deixam conectados 24 horas por dia. 

Isso não se restringe aos resultados de um jogo de futebol, hoje é muito mais fácil obter informação seja do lamentável uso de armas químicas no conflito na Síria, receitas culinárias de um chef premiado num reality show ou um roteiro completo da sua próxima viagem de férias.

No último post falei sobre a execução de Marielle e Anderson no Rio de Janeiro e de lá para cá houve diversos outros casos de violência tanto na "cidade maravilhosa" como no restante do país.