Andando pelas ruas de São Paulo ou pelo metrô da cidade neste final de semana foi fácil ver como os Bloquinhos de Caranaval se consolidaram como uma grande atração para o paulistano.
Serão cerca de 491 desfiles do mais variados tipos e atendendo aos mais diferentes gostos e públicos. A grande concentração na região do Largo da Batata inclusive trouxe um certo caos à Linha Amarela de Metrô, a qual teve estações fechadas, invasão de trilhos e acionamento indevido de botões de emergência.
Tirando os impactos do precário nível educacional e falta de bom senso da média da população da cidade, o que fica patente é a grande demanda paulistana por opções de entretenimento, fato que também se reflete todo domingo com a invasão da Avenida Paulista por milhares de pessoas das mais diferentes tribos.
Se fechar Ruas e Avenidas da Cidade e autorizar músicos em trios elétricos ou em pequenas esquinas tem um potencial de atrair tanta gente, estas iniciativas deveriam ser estimuladas ou inibidas?
Posto de outra forma, o que é melhor para a sociedade, a alegria de foliões trajados de unicórnios e noivinhas ou o sossego das pessoas que utilizam aquelas ruas e vias públicas para se locomover nas idas e vindas de suas casas?
Mais do que defender um lado ou outro, o mais importante nesta análise é perceber que esta medida beneficiará um grupo em detrimento de outro, ou seja, haverá pessoas impactadas de formas diferentes pela mesma intervenção na cidade.
Os defensores dos bloquinhos irão falar que é uma medida extremamente barata de ser executada frente ao lazer que proporciona à milhares de pessoas. Os opositores irão levantar a degradação da cidade, o volume de lixo acumulado (e os posteriores gastos de limpeza da prefeitura) e o transtorno nas vias de trânsito e transporte público.
Hoje os Bloquinhos estão em alta, pelo que percebo tem amplo apoio, vide o número de pessoas nas ruas, e aqui se destaca, dos mais variados níveis de renda. Mas o que ocorreria se no futuro o balanço de prejuízos superasse os benefícios de lazer?
Se no futuro houver mais lixo nas ruas, queixas de roubos, assaltos, tentativas de abuso sexual e vandalismo, como o Prefeito deveria abordar a questão se quiser convencer a população de que os Bloquinhos fazem mais mal do que bem para a sociedade?
Quando vejo a dificuldade em se aprovar a Reforma Previdência e a tentativa de tornar a grande população mais sensível ao problema fiscal do país, fica patente a falta de habilidade dos políticos em tratar questões polêmicas que envolvem desagradar alguns grupos visando preservar o interesse da coletividade.
Mesmo com a ida do Presidente Michel Temer aos Programas de Silvio Santos e Ratinho, vejo que muitas pessoas ainda relutam em enxergar que há um problema numa previdência que fechou 2017 com um déficit de R$ 268,8 bilhões.
Muita gente acha injusto o fato de que outras gerações tiveram inúmeros anos de Carnaval de Rua sem pensar no amanhã e agora as regras do jogo mudam, prejudicando quem vislumbrava brilhar de unicórnio na Av Faria Lima e agora terá que se readapatar e buscar outras formas de lazer.
Mexer em benefícios não é fácil, falar para um cidadão que terá que trabalhar pelo menos até os 65 anos (no caso de homens e 60 no caso de mulheres) ou para um servidor que não contará mais com aposentadoria integral e reajustes iguais o de funcionários da ativa obviamente irá encontrar oposição.
Essa oposição só cederá se forem mostrados claros argumentos de que a situação atual é insustentável e que os prejuízos superam os benefícios.
O exemplo mais claro é o estado de calamidade pública do Rio de Janeiro, no quas os servidores ficam meses sem salário e o serviço público (hospitais, educação e defesa) está completamente sucateado.
Será tão difícil mostrar para a população que o Brasil de amanhã pode ser o Rio de Janeiro hoje se não houver uma profunda mudança na administração dos recursos públicos?
Já houve tempos em que administrar o orçamento do País era uma farra quase igual ao dos Bloquinhos de hoje, porém estes dias acabaram.
Por mais que haja grupos interessados na manutenção deste carnaval previdenciário é preciso mostrar de forma clara, objetiva e didática que retardar a reforma é fazer vista grossa para uma bomba relógio na qual faltam poucos segundos para explodir, além de acreditar de forma ingênua que problemas complexos se resolverão sozinhos num passe de economágica.
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