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domingo, 10 de abril de 2016

Ladeira Abaixo

Recentemente um palestrante ilustrou de forma simples porém extremamente eficaz e didática o efeito da Crise sobre o Comportamento dos Consumidores e na Demanda Agregada como um todo.
 
Nessa oportunidade o debate era sobre o Mercado de Bebidas e a ilustração dada foi de um Consumidor que ao entrar no Supermercado ao invés de comprar 4 garrafas de sua bebida favorita opta por levar apenas 3 unidades.
 
Falando rapidamente dessa situação pode parecer que a redução foi pequena, afinal reduziu-se apenas 1 unidade porém em termos percentuais esta pessoa diminuiu em 25% seu consumo daquele bem. Agora imagine extrapolar esta situação para diversas pessoas em diversas localidades, não é necessário um modelos estatístico para imaginar como a contração na demanda impacta as empresas.
 
Os Agentes tendem a ajustar seu consumo de outros bens e serviços face uma alteração na Restrição Orçamentária; esse fenômeno não se limita a decisões de Investimento e Aquisição de Bens Duráveis mas impacta (mais cedo ou mais tarde) Bens de Consumo Não Duráveis e Serviços em Geral.
 
Deixando de lado o economês, o Joãozinho que perdeu o emprego (ou teme perdê-lo) não só desiste de trocar o carro como também não irá tantas vezes ao shopping com a família fazer compras e pegar uma sessão de cinema tal como o Empresário que nos tempos de bonança cogitara expandir sua Capacidade Produtiva agora se vê na situação de não apenas enterrar este projeto como também decide cancelar o Subsídio para Academia/Ginástica dos funcionários tal como o Café Expresso gratuito.

Dados da Confederação Nacional do Comércio apontam que cerca de 100 mil lojas fecharam as portas no ano de 2015. Em 2016 o setor deve continuar ladeira abaixo, basta dar uma volta nos grandes Centros ou em Shoppings Center recém inaugurados para constatar o cenário desolador. Pesquisa do Ibope apontou que nos Empreendimentos inaugurados nos últimos 3 anos a ociosidade chega a 45%.
 
Quando algum Economista fala que essa é a pior Recessão desde a histórica crise de 1929 pode parecer algum exagero ou mesmo uma informação intangível (principalmente para quem ainda está no seu posto de trabalho). O mesmo ocorre quando falamos que o PIB irá cair aproximadamente 4%por dois anos consecutivos.
 
O que um PIB em queda significa para cada cidadão? A definição formal de PIB é a "soma de todos os produtos finais produzidos por um país em um intervalo de tempo". Logo se o PIB está em queda as Empresas estão produzindo e vendendo menos do que no período (ano) anterior.
 
Economistas também gostam de falar de Funções de Produção; vamos simplificar e imaginar que uma empresa utiliza apenas dois insumos: Máquinas e Mão de Obra. Para elevar a produção é necessário elevar pelo menos um ou ambos destes fatores (e para reduzir o oposto). Grosso modo essa é uma Função de Produção.
 
Quando aquele consumidor do início do texto reduziu em 25% seu consumo ele passou uma mensagem para o Setor Produtivo, tudo o mais constante, ou a Empresa reduz sua Produção ou a Mercadoria irá ficar encalhada no Estoque. E para reduzir a produção é necessário ou diminuir a quantidade de Máquinas ou de Mão de Obra; como a Máquina é um Ativo Fixo não é difícil concluir que uma redução na Produção impactará o Nível de Emprego.
 
Menor PIB, Menor Produção de Bens e Serviços, Menor Nível de Emprego, Menor Renda, Menor Consumo que irá pressionar uma Produção ainda menor e assim por diante.
 
E como interromper esse Círculo Vicioso e retomar o crescimento? Aí meus caros é onde os Economistas batem cabeça e cabe a celébre frase de Winston Churchill de que "se você colocar dois economistas em uma sala você terá duas opiniões diferentes, a menos que um deles seja Keynes porque aí você terá três opiniões".
 
Não me alongarei hoje sobre as diferentes visões para sairmos dessa crise porém gostaria apenas de finalizar ressaltando que pode não parecer mas a situação econômica do país é calamitosa. O país está parado assistindo a Novela do Impeachment enquanto Indústrias quebram, Estabelecimentos Comerciais fecham as portas e mais Trabalhadores perdem o Emprego.
 
Na Décade de 80 conhecida também como "A Década Perdida" o Brasil experimentou uma redução no PIB per capita de 7,6% (entre 1981 e 92).  De 2015 a 2017 economistas esperam uma redução de 10% no mesmo indicador. Mas isso parece coisa pequena, apenas um número no jornal para a Classe Política que está mais focada que acredita que o Próprio Emprego é mais importante do que o dos Milhões de Brasileiros que os elegeram e os quais financiam a Máquina Pública.
 
 
 
 
 
 
 

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