"No tempo que Dom Dom jogava no Andaraí nossa vida era mais simples de viver, não tinha tanto miserê nem tinha tanto ti ti ti No tempo que Dom Dom jogava no Andaraí (...)"
Em geral as postagens são relacionadas a outros genêros musicais porém esse trecho do icônico Zeca Pagodinho vem bem a calhar para o atual post tanto quanto para o atual cenário da Economia Brasileira.
Quando abrimos o jornal e vemos que o PIB do Brasil retornou ao nível de 2011 dois pontos chamam a atencão:
I. a Velocidade da Deterioração - chega a assustar a rapidez dos estragos causados pela Nova Matriz Econômica. Fomentar o Crescimento da Economia com medidas paliativas como Desoneração de Impostos e Crédito Subsidiado foi tão efetivo como estancar uma hemorragia com gaze e esparadrapo. Aparentemente o combalido paciente ficou de pé e continuou caminhando porém o curativo descolou e agora caído no chão não apenas o sangramento continua como foi agravado pelo período em que não foi devidamente tratado.
II. a Dificuldade na Recuperação - esse é um argumento matemático simples mas que alguns costumam esquecer (principalmente a classe política); um fogão custa R$ 1000,00 e no mês de Novembro o Vendedor promove um desconto de 10%. Qual o reajuste percentual será aplicado em Dezembro para retornar ao preço de R$ 1000,00? Vejamos
Preço Tabela - R$ 1000,00
Preço Novembro (- 10%) - R$ 900,00
Reajuste Dezembro = (Preço Tabela/Preço Novembro) - 1 = (1000/900) - 1 = 11,1%
Reparem que após uma queda de 10% foi necessário um reajuste 11,1% para o preço do fogão retornar ao patamar inicial.
De forma bem simplista isso resume a dificuldade da Recuperação da Economia uma vez que uma saída rápida da Recessão implicaria necessariamente num ritmo de crescimento acelerado.
Tomamos como base que as estimativas dos economistas para 2015 para o PIB são de queda de 4% e 2016 de 3%. Utilizando a "metodologia do preço do fogão", para que o Segundo Governo Dilma entregue um Crescimento Zero ao final de 2018, assumindo as duas quedas de 2015 e 2016, seria necessário um crescimento do PIB de no mínimo 3,6% em 2017 e em 2018.
Se já é difícil acreditar que o Governo se manterá de pé até o final de 2018 entregar um crescimento anual desta magnitude é tão fácil quanto esperar o presente do Papai Noel na Noite de Natal. Em matéria do G1 para qual destaco o gráfico abaixo nota-se que a Média de Crescimento do Governo Dilma I só não foi pior do que a de Collor. Mesmo num ambiente econômico desafiador (Estabilização da HiperInflação/Plano Real) até mesmo os dois períodos FHC tiveram desempenho superior comparados ao qudriênio 2011 a 2014:
Fica a Ressalva que as estimativas de retração do Produto para 2015 e 2016 são como o próprio nome já diz estimativas e podem não se realizar. Talvez a queda seja menor ou mesmo aconteça algo miraculoso e a Economia Brasileira retome o Crescimento já em 2016 porém se levarmos em conta que o grande debate de hoje é o Impeachment da atual Presidente e Reformas Estruturais na Economia estão no rodapé das prioridades talvez seja até demasiado otimismo vislumbrar um Crescimento Zero para estes 4 anos.
Por último destaco a visão do atual Presidente do Insper Marcos Lisboa; alguns argumentos costumam incomodar as pessoas, as chamadas Verdades Inconvenientes. Este é também o nome do documentário do ex Vice Presidente dos EUA Al Gore sobre o Impacto da Ação Humana no fenômeno do Aquecimento Global. No caso do documentário de forma resumida há inúmeros indícios de que nosso Padrão de Consumo afeta o Meio Ambiente mas parece que isso não é levado em conta (de forma séria) pelos Agentes Econômicos.
Nos últimos artigos de Lisboa ele toca num ponto que incomoda alguns empresários nessa mesma linha; quando passsamos por debates como o do Aumento de Impostos é fácil para os Empresários fazer oposição e alegar que a Carga Tributária no Brasil é muito alta. Porém essa mesma classe aplaudiu de pé quando o Governo despejou um caminhão de Crédito Subsidiado via BNDES tal como outro Caminhão de Benefícios e Isenção Tributária.
Será que os Empresários Brasileiros são tão ingênuos em acreditar que os Recursos que o Governo utilizou para essas benesses viriam de um Cofre de Moedas de Ouro encontrado no final do Arco Íris? Talvez eles compartilhem a mesma ingenuidade empresarial que acredita que a Poluição Gerada por uma Fábrica não afeta o Meio Ambiente,
O Governo não produz riqueza, grosso modo todo recurso público é fruto de Arrecadação de Impostos e claramente quando tomou-se a decisão de por exemplo conceder R$ 450 bilhões à uma taxa de 4.5% ao ano a empresários via BNDES obviamente isso iria pressionar as Contas Públicas tal como demandar Maior Carga Tributária.
Como diz a temática do blog não há Almoço Grátis em Economia, maiores benefícios implicam mais cedo ou mais tarde em maiores obrigações. Ninguém gosta de maiores impostos e com certeza o Governo cometeu inúmeros erros de Política Econômica mas é importante destacar que de fato a Classe Empresarial também possui culpa em cartório por apoiar uma Agenda de Medidas Paliativas que não apenas não trouxe resultado significativo e ainda deixou como legado uma situação de calamidade nas Contas Públicas.
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