Num passado distante, quando eu jogava bola descalço no campinho perto de casa, havia uma figura chave na peleja: o dono da bola!
Nem sempre o dono da bola era o melhor jogador, muitas vezes era justamente o oposto, um garoto com pouca habilidade futebolística mas com muita vontade de participar (além de recursos para comprar as famigeradas "bolas de capotão").
Ser o dono da bola lhe conferia algumas vantagens, em geral você podia escolher o time e era o último a ir pro gol em caso de revezamento, além do óbvio "poder" de saber que a partida só começa quando você chegar e se encerra quando você vai embora.
Uma situação chata, embora rara, era quando o dono da bola ficava "puto"por algum motivo e levava a redonda embora no meio da partida.
Os motivos mais comuns eram uma entrada mais violenta de um oponente ou uma derrota acachapante. A reação da geral era tachar o guri de mimado ou acusá-lo de não saber perder.
A moral da história é que, embora haja um acontecimento que lhe chateie, seja uma entrada dura ou a superioridade do oponente, acabar com o jogo é uma saída covarde. Em outras palavras, fica a impressão de que o jogo só faz sentido ser jogado quando lhe é favorável.
O atual Presidente da República é alguns anos mais velho que este escriba, infelizmente não tive a oportunidade de enfrentá-lo numa partida com gols marcados por chinelos e/ou pedras e traves improvisadas com tocos de madeira.